EU VI UMA SEREIA

Eu vi uma sereia...

Apareceu do escuro a cantora...

Saia toda colorida até onde os pés não alcançavam mais...

Ajoelhou-se sobre o palco, dobrou-se como estivesse num rochedo em alto mar...

Olhou para o alto...

E soltou a voz...

“Um pequenino grão de areia, que era um eterno sonhador...”

Fui junto com o grão de areia namorar a estrela...

Lá estava ela piscando...

Enciumei-me à concorrência do grão...

“Passaram anos, muitos anos...”

Fui vendo os anos passarem...

Enfeitiçado pela sereia...

Quando dei por mim, não é que o danado do grão de areia tinha seduzido a estrela...

Ela deve ter descido até a praia...

Afinal, a sereia continuava seu canto...

“...Depois, muito depois, apareceu a estrela do mar...”

Eu bem que gostaria que a estrela tivesse dado uma oportunidade para mim...

Misto de frustração e êxtase, abri os olhos...

Ela parara de cantar e, ainda, olhava para o alto...

Essa sereia me enganou...

Fez-me pensar que a estrela fosse possível de ser alcançada por um grão de areia...

Mas, deixa estar...

Aquela sereia foi minha por alguns segundos...

Maravilhosamente encantadora...

Agora, eu acredito em sereias...

Elas existem...

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Sobre apresentação da cantora maranhense Flávia Bittencourt, interpretando Estrela do Mar, no SESC Santana (SP) em 26 março 2008

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 27/03/2008
Reeditado em 27/03/2008
Código do texto: T918973
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