A base dos relacionamentos saudáveis.
Observando os maiores entraves da sociedade, os circunlóquios pelos quais enredam-se os homens numa postura individualista, elaborada numa ciranda da involução da espécie, chego à soturna conclusão de que o maior desafio e a origem de muitos problemas encontram-se na base dos relacionamentos.
No decurso natural da vida vamos criando laços, estabelecendo relações, primeiro na família, mais tarde na escola, no trabalho, vive-se sempre em meio a pessoas, neste contexto é que por vezes surgem as mais desastrosas experiências grupais. Pergunto por que tantas vezes os laços acabam se transformando em nós? A resposta sempre à mesma: imaturidade emocional para aceitar, compreender o passo do outro.
Pense caro leitor por instante, quantas pessoas já passaram pela sua vida? Quantas já partiram? , creio que este revés representa sempre oportunidade de crescimento. Convido a refletir sobre algumas pessoas que passaram pela sua vida, o que de ti elas levaram? O que delas em ti ficou? Qual a lição?
Contudo, o que realmente importa saber é a respeito da qualidade da relação que estabelecemos com o outro, pessoas são escolas, penso que o maior desafio do ser humano é a convivência. Através do contato com o outro é possível aprimorar, avaliar a capacidade de tolerância, de generosidade, de maturidade da qual dispomos, ou presumimos dispor. A vilania dos novos tempos é composta pela intolerância, pelo individualismo, pela covardia evolutiva que constitui impedimento para o crescimento pessoal e, por conseguinte grupal. A vergasta açoita a alma e o coração humano daqueles que não alcançaram à maturidade emocional, que insistem em viver lançados à inércia do egoísmo, e das falsas compensações, buscando muitas vezes se comprazer na dor do outro.
Através das experiências obtidas nos relacionamentos que estabelecemos ao longo da vida, torna-se possível perscrutar o intimo da alma, descobrindo nossos limites, posturas emocionais rígidas, doentias, mas não basta apenas descobri-las, é preciso superá-las.
Os desafios são muitos, estamos frente a uma sociedade tisnada pelo abandono da ética, do amor ao próximo. Falar em amor ao próximo?, creio ser piegas nos novos tempos, esta caindo em desuso.
O homem da caverna do século 21 sai à luta, escravo de padrões sociais escravizadores não consegue encontrar a felicidade em lugar nenhum, egocêntrico que é não tem olhos senão para seu umbigo. “O egoísmo extremo pode levar a exaustão psíquica, energética e emocional” (Revista Plantão; Ano II, nº.5t, Maio/Junho; 2002).
A grande carência vigente esta na inabilidade de estabelecer relacionamentos, a intolerância assume força nos núcleos familiares, afetivos, sociais e profissionais. Há pessoas que perderam a noção de cordialidade, de educação e respeito ao próximo, para conseguirem o que desejam são capazes de tudo, simplesmente desconhecem limites! Vão deixando um rastro de desafetos e cicatrizes emocionais por onde passam.
O maior mandamento deixado pelo Cristo foi o amor, Ele deixou um belo legado impresso nas entre linhas da frase: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (Jo 15, 12). Mas o amor aqui mencionado não e aquele dito da boca para fora, e sim um amor verdadeiro, carregado de responsabilidade, de caridade, de paciência com o próximo.
O grande erro do homem é querer atingir o cume da montanha, sem antes passar pela aventura, pelo esforço, pelo desafio da escalada. Uns há que pisam na cabeça dos outros para mais rápido chegarem. Tolos, para estes o cume se porá sempre mais alto, mais longe. Enquanto o afeto une o desafeto ata.
A base para o sucesso pessoal, profissional, na cordura das ações que estabelecemos com o outro, encontra-se na qualidade das relações que estabelecemos, criando círculos emocionais saudáveis e benfazejos.
A saúde emocional é a chave que liberta o homem da prisão lúgubre que algema sua alma. Procure aceitar as pessoas como elas o são, isto não significa que você deve abrir mão dos seus princípios, dos seus pontos de vista, significa apenas que você é generoso com a opinião, com a formação do outro.
Adote uma postura mental mais flexível, não julgue, não crie desafetos desnecessários, eles só irão comprometer o teu caminho. Faça a sua parte, lembre-se que um auto-exemplo vale mais que mil tentativas de explicação. Aprenda a sutil diferença entre discordar e dissentir. O resgate das relações afetivas saudáveis é a sirene nos chamando a acordar para um novo tempo, onde as pessoas possam viver numa relação saudável e otimista, onde a cooperação mútua encontre espaço para germinar nos corações humanos.
( Cassiane Schmidt)