O patriota brasileiro
O patriota brasileiro é uma pessoa "sui generis".
Nomalmente, tem mais de trinta anos de idade, fala alto e gosta de aparecer.
Na escola, estudou Educação Moral e Cívica e, no Dia da Bandeira, ficava revoltado quando não era sorteado para hasteá-la.
Serviu o exército, com muito orgulho, dizendo a todo mundo que estava ali tão-somente porque queria.
Inevitavelmente, pensa positivo e, há décadas, repete que o Brasil é o país do futuro.
Embora tenha aprendido que homem não chora, esvai-se em lágrimas quando a Seleção Brasileira perde a Copa do Mundo de Futebol.
Entretanto, patriota, que se preze, conhece-se mesmo no momento em toca o Hino Nacional Brasileiro. Com a mãozinha no peito, olhos semi-cerrados, faz questão de demonstrar que sabe cantá-lo de cor. Mantém a cabeça em riste, em pose heróica, e, de brado retumbante, canta, canta, canta... Volta e meia seus olhos saltitam, de um lado para o outro, espiando se há alguém mais patriota por perto. Gosta de ser notado nesses momentos e, ao final, bate palmas, estrondosamente, mais saudando a si do que aquela execução sonora.
Outra coisa que tem a empatia do patriota é o voto. Como gosta de votar, ou melhor, como gosta de falar que exerceu a cidadania! Tem patriota, com mais de setenta anos, que, malgrado não precise fazê-lo, move mundos e fundos para depositar o voto na urna. Pega ônibus, sol, chuva, fila, para eleger aqueles que mais tarde chamará de traidores da pátria.
Na verdade, o patriota também faz de si uma pátria, deixando uma dúvida no ar: quem serve a quem?
Todavia, nada disso é importante!
O que interessa, realmente, é que o Brasil precisa de patriotas de verdade, para fomentar e manter vivo esse sentimento de amor à pátria, que talvez seja o único capaz de um dia colocá-lo no seu devido lugar: no futuro!