Ei, que tal se a gente brincar de bola?

Até quando os homens têm direito de sonhar? O direito de sonhar está atrelado ao bom momento em que se vive, ou em todos os momentos. Até nos dias ruins? Vejo um simples vendedor de bolas que segue as ruas de Belo Horizonte, com sua roupa escura contrastando com as bolas coloridas que ele carrega para todos os cantos da cidade. Leva sonhos para diversas crianças. Crianças miseráveis e ricas.

Quando essas bolas coloridas se transpõem do físico, da matéria, elas acalentam diversos sonhos. Sonhos de crianças e sonhos de adultos... Você nunca se pegou no trânsito, cansado e um pouco desanimado, pensando na sua linda infância? Tá! Mesmo que ela não fosse tão bonita, você foi uma criança e este ser sempre encontra felicidades. Até nos momentos terríveis. A imaginação de uma criança é mágica, pura, “anti-adulta”.

O adulto, que está naquele carro ou ônibus, ou mesmo andando pelas ruas movimentas de uma cidade encontra um simples vendedor de bolas. Aquelas bolas grandes e coloridas. No qual, dá uma vontade de cair sobre ela e deixar que ela nos leve para onde a imaginação infantil deixar.

Pêra aí! Tenho um compromisso depois do almoço. Encontro com a minha noiva no final do dia. Tenho contas a pagar. Tenho que ser objetivo. Minha vida profissional depende da minha sensatez... Hum... Da minha ausência essência infantil e excesso egoísmo humano. O que eu faria com uma bola colorida e grande? Tenho dinheiro, poder, trabalho, carro... O que vou fazer com uma bola colorida? Nem filhos eu tenho...

Até que esse infantil adulto se vê diante esse vendedor de sonhos. Tira uma nota do bolso e pede uma bola colorida, o homem agradece e lhe entrega o sonho. Por alguns instantes, o adulto abraçou a bola e ouviu de longe uma voz de uma criança lhe chamando...

- Ei, que tal se a gente brincar de bola?

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