DAS MELHORES (E MAIS SIMPLES) COISAS DA VIDA .....

 

 

   Não era a primeira vez que recebera um convite para fazer aquele passeio. Acontece que as atribulações do dia-a-dia contribuíam para que várias vezes aquela visita fosse adiada até que finalmente, graças a um final de semana que prometia bom tempo e muito sol eu e a família pudemos realizá-lo.

   Tive um compromisso no sábado pela manhã e portanto logo após o almoço, peguei a estrada em direção a chácara de um amigo, que ficava a mais ou menos a duas horas da minha casa. A viagem transcorreu tranquila e por conta do transito e de algumas paradas (normais para quem tem filhos pequenos), chegamos ao nosso destino no entardecer de um dia belíssimo.

   Depois dos abraços e cumprimentos pela chegada, descarregamos nossa bagagem do carro (não sei porque minha mulher e as crianças trouxeram tanta coisa) e após nos servirem um delicioso suco natural de manga, fomos conhecer a chácara. Com chinelo de dedos, uma camiseta leve e minha inseparável bermuda (que já foi homenageada numa de minhas crônicas) caminhei despreocupadamente por um terreno muito bem cuidado , senti o cheiro de grama molhada , vi árvores, pássaros, plantas e flores maravilhosas, inclusive a mangueira carregada de frutas douradas, aquela mesma que nos proporcionou um suco natural delicioso.

   De onde estava pude ver toda a beleza de um por-do-sol simplesmente fantástico, que por mais que eu tente não vou encontrar palavras para descrevê-lo. Os raios dourados beijavam a copa das árvores e o céu limpo e azul dava lugar a um crepúsculo alaranjado onde ao longe eu podia ver a chegada da lua e das estrelas, suas amigas. E realmente elas não demoraram a chegar.

   A enorme lua prateada despontou no horizonte , iluminando aquele lugar onde só se ouvia o ruído dos grilos e dos últimos pássaros que voltavam aos seus ninhos para mais uma noite de descanso. Eu observava tudo em silêncio, simplesmente extasiado.

   Não conseguia despregar os olhos daquele céu belíssimo e confesso que nunca tinha visto tantas estrelas juntas. Eu estava tão deslumbrado que tive a impressão de que elas eram de cores diferentes e algumas até piscavam com um pouco mais de intensidade quando eu olhava prá elas. Jamais tinha visto coisa igual.

   Meu amigo, ao meu lado e também em silêncio bateu levemente no meu ombro e me mostrou algumas luzinhas que voavam em várias direções. Eram os vagalumes. Há quanto tempo eu não via um vagalume !

   O jantar transcorreu num clima agradável e sinceramente, lamentei não ter um estômago maior. A galinha ensopada estava simplesmente divina e só não repeti pela terceira vez por ter ficado envergonhado. Após o jantar ficamos longo tempo conversando na varanda enquanto as crianças brincavam na sala . Às vezes meu pensamento voava até uma daquelas estrelas e eu tentava imaginar de que tamanho seria o universo.

   Na minha imaginação eu via pessoas de outro planeta olhando para uma bola azul que passeava pelo céu estrelado e que às vezes brincava de esconde-esconde com a lua. Lá do alto, bem de longe, nosso planeta deveria ser lindo.

   Já era bem tarde quando nos recolhemos aos nossos quartos. Eu não fazia a menor idéia das horas pois a primeira coisa que fiz quando cheguei àquele pequeno paraíso foi guardar meu relógio. Tinha certeza de que ia dormir muito bem.

   Ouvi ao longe o som de uma coruja, talvez avisando a chegada de algum morcego perdido. Fechei os olhos e não me lembro de mais nada pois se as pedras dormem, algo bem parecido aconteceu comigo naquela noite.

   Dia seguinte despertei com um pequeno raio de sol que brincava no meu rosto. Ouvi um galo cantando e pensei que ainda estava sonhando quando abri a janela e vi o belo dia que estava nascendo e as estrelas que estavam se despedindo, com a promessa de proporcionar novo espetáculo mais tarde.

    café da manhã foi magnífico com mais suco natural e leite tirado diretamente de uma vaquinha que eu ainda não tinha visto e que estava no curral nos fundos da casa. Na mesa tinham mel, geléia de goiaba, broa de milho, queijo fresco e um pão que a dona da casa se orgulhava de ter assado num forno à lenha.

   Após o café fomos dar mais um passeio pela chácara e então tive o enorme prazer de chupar laranjas inacreditavelmente doces que escolhíamos e tirávamos diretamente das árvores. E depois de um longo passeio, finalmente chegou a hora do almoço. Já sabia de antemão que seria servido um feijão especial com um arroz típico de uma fazenda mas, de fato, ainda não tinha provado nada parecido e melhor do que aquela comida cozida em panelas de barro num enorme fogão à lenha.

   Não quero me lembrar do quanto eu comi e mesmo assim, ainda consegui provar um pouquinho de doce de abóbora além de um insuperável licor caseiro feito de pitangas.

   Depois do almoço, um cafezinho cheiroso, conversas, risos, um pequeno cochilo numa rede e infelizmente, estava chegando a hora do regresso. Enquanto arrumava nossa bagagem no carro comecei a sentir um vazio e uma sensação de tristeza, como se ao partir fosse deixar naquele lugar e com aqueles amigos um grande pedaço do meu coração.

   Enquanto me despedia olhei para o céu e pude rever queridas amigas, a lua e as estrelas que conforme tinham prometido, voltaram para continuar com o grande espetáculo de todas as noites.

   À medida que o o carro avançava pela estrada deserta em direção a cidade grande eu pude ver pelo espelho retrovisor que tanto a lua quanto as estrelas brilhavam e piscavam como estivessem se despedindo e repetindo: até breve, volte logo.....

 

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(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 25/03/2008
Reeditado em 09/01/2013
Código do texto: T916751
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