Bolsa estupro
- “Ainda morro e não vejo tudo”.
Até achava engraçado o velho ditado usado pelo meu falecido avô, que profetizou certo, merece canonização. Agora um projeto de um deputado federal, quer lançar mão de uma “bolsa estupro” para impedir que uma mulher, vitima de um ato covarde e humilhante, dos mais torpes, que é violência sexual, faça um aborto. Justificativa: defesa da vida. Caso muito serio para se fazer piada, nobre deputado.
Um estupro acaba com a vida de uma mulher, corrói como se morta fosse, e ainda criar o filho resultante dessa vileza?
Não estamos aqui tentando matar uma vida principiante, sem maculas, mas defender um direito feminino, mais até, uma questão de justiça. Pagar um mísero salário mínimo, mesmo que por dezoito anos, é um desrespeito estrondoso para com nossas mães, filhas e esposas. Nem vou entrar em questões religiosas, pois me parece idiotia discutir leis de dois mil anos atrás. Vamos retroceder a ponto de logo voltarmos ás arvores como primatas. Mesmo em pleno século XXI, estão tentando regredir uma lei de 1940.
Para mim isso é um grande incentivo ao estupro, os estupradores agirão impunes, pois os tolos brasileiros pagantes de impostos, vão arcar com mais esta conta. Os deputados, na sua maioria, imensa maioria, óbvio, não se importam de onde virão os recursos, eles estão se lixando, a conta quem paga é os patos da nação. Aliás, os crimes contra mulheres são muito mal punidos, quando há punição.
"O aborto, para nós evangélicos, é um ato contra a vida em todos os casos, não importa se a mulher corre risco ou se foi estuprada", afirma o deputado Henrique Afonso. "Essa questão do Estado laico é muito debatida, tem gente que me diz que eu não devo legislar como cristão, mas é nisso que eu acredito e faço o que Deus manda, não consigo imaginar separar as duas coisas”.
Então coloque na conta das igrejas, ou de quem acredita nisso. Não vamos pagar por um ato discriminante até contra profissionais. Numa parte de sua defesa o deputado quer convocar psicólogos engajados na causa cristã, para induzir as vitimas de abuso a decidirem pelo não aborto, mesmo indo de encontro aos princípios éticos que regem a categoria. Vale lembrar que em algumas profissões se mantém a ética.
Vivemos num país repleto de aproveitadores. Muita gente vai usar lei para receber dividendos do estado, mesmo não sendo vitima de violência sexual. Ou do contrário, numa possível, quase improvável aprovação do projeto que permite o aborto, devido ao nível evolutivo dos fazedores das leis, terá sempre aquelas que se valerão das regras para apagar de seus ventres as manchas de seus erros.
As mulheres demoraram milênios para assegurarem uma meia dúzia de direitos, e querem acabar com eles. Um desrespeito com a própria progenitora.
Depois desta, o que vão sugerir? Quando o homem se agradar da mulher bate com uma clava na cabeça e arrasta para a caverna?