O LUAR ABRAÇA O MAR


À guisa de um verdadeiro jorro de inesperado esplendor a luz cheia, indiferente às nuvens esparsas espalhadas em derredor, despeja lânguida seu maravilhoso brilho intenso sobre as águas inquietas do mar ao anoitecer, proporcionando exuberante espetáculo de grande beleza. A noite, evidentemente, se torna ainda mais linda quando isso acontece, mormente se de súbito, e o espaço lembra um belo quadro emoldurado pelo céu. É como se o reflexo do luar quisesse parecer-se ao derramar físico da claridade e pudéssemos tocar seus feixes de luz, como se estivéssemos a ver um líquido brilhante que cai de longínqua fonte. Há que quedar-se a essa suntuosa grandeza.
Certamente os olhos dos românticos se enchem de intenso gozo ao divisar essa inigualável pintura viva. Talvez entrem em êxtase metafísico, quiçá sintam um prazer surrealista e indescritível. Quem sabe transbordem em lágrimas ao fitá-la e se deixem permanecer extasiados ante a sua perfeição. É vero, claro, que esse é o momento em que chorar sem razão aparente faz tanto bem. Porque o firmamento se torna de uma beleza quase quimérica, atraente até, poder-se-ia afirmar, como a convidar-nos aos devaneios, aos sonhos indeléveis. Só os insensívels não se emocionam ante a ostensiva expressão da natureza, que atrai e prende os olhares.
Vislumbrando tal cena sob romântica ótica, o mar e a lua como que simulam estar entrelaçados por forte amplexo amoroso, embora ela lá no alto, distante, ele cá na sua imensidão incomensurável.Bem sabemos, corações aceleram os seus batimentos, olhos se desmesuram em admiração, namorados sussurram encantados porque bela é a visão, alguns, platônicos, estacam em plena atividade e tantos se quedam por instantes para apreciar o amalgamar da luz com o Atlântico. Uma noite assim convida ao amor, às paixões, às mais desconcertantes e profundas declarações de sentimento recalcado. A natureza esmerou-se nos mais finos detalhes para a perfeição do que já é belo e inusitado.
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/03/2008
Reeditado em 25/03/2008
Código do texto: T915932
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