CARTA QUE SERIA RASGADA

A CARTA QUE SERIA RASGADA

Marília L. Paixão

Querida Kelly

Eu nunca fui de escrever cartas para nenhuma das mulheres com as quais eu me envolvi.

Mas fiquei muito incomodado com a sua carta. Tenho aqui uma gaveta cheia de cartas de ex namoradas das viagens que já fiz. Tenho uma gaveta para as mulheres do exterior, na qual a sua iria parar, se não tivesse me incomodado tanto.

O que me incomodou?! A ignorância! Maior nunca vi. Nunca ninguém que fiquei tinha se demonstrado ser tão ignorante assim! Como foi que não percebi? Será que estou ficando velho e me passou despercebido sua falta de cultura por causa da libido?! Ou você era aquela da noite em que eu já estava de fogo e até falei em lhe comprar um anel de noivado?! Você bem que podia ter mandado uma foto para eu ter bem certeza de qual vagabunda era você, confesso ter ficado em dúvida.

No seu país eu já fiquei com tantas! Desta última vez, foram poucas noites para tantas mulheres. Nem todas davam para iniciar o novo dia. em uma noite noite estive com a Diva. Mas não acho que esta era você... Esta era mulher de poucas palavras e grandes ações. Pela sua carta estou confuso. São tantas as tentativas de referências sobre performance sexual e por isso estou sem saber qual delas era você. De qualquer forma, escrever putaria não deve ser fácil em nenhuma língua, mas a tal da nossa noite deve ter sido boa. Mas qual das que eu tive que não foi boa?! Confesso que minha gaveta está cheia de lindas cartas brasileiras.

Resolvi que lhe escrever de volta estas linhas, que a princípio parecerão duras, mas na verdade será um grande bem que lhe fazendo estou. Com certeza você continuará em busca de outro amor. Olha, primeiramente você precisa aprender Inglês, já que gosta tanto de estrangeiros. Talvez antes disto você precise aprender sobre os países em que os nativos falam a língua Inglesa. Eu não sou americano! No Brazil a maioria das mulheres chamam os gringos de americanos, como se fôssemos todos americanos. Eu sou Irlandês! Não percebia como eu ria quando você me chamava de “american boy”?

...

Lá estava eu com a carta pela metade traduzida. Que carta maldita!

E como iria passar para a Kelly aquela carta bem traduzida?!

Ela ficaria muito constrangida, que nem eu estou. Quem iria gostar de receber uma carta desta?

Sem falar que a Kelly não era nenhuma vagabunda!

Se tivesse um jeito de eu não traduzir essa carta... Poderia inventar qualquer coisa?

Mas ela procurará outra pessoa e aí essa carta pode até ir parar em mãos erradas.

Pelo menos comigo ela está em mãos boas!

Que cara foi este que a Kelly ficou?!

Como nós mulheres somos ingênuas mesmo vivendo uns tantos anos?!

Será que é ingenuidade da necessidade do amor?

O que será que Kelly anda aprontando com o passar dos anos?!

Será que vou lhe mostrar essa carta literalmente traduzida?

Será que não devo suavizar umas linhas?

Kelly, Kelly, Kelly, você não toma juízo nem com febre!

--------------------------------------------------- the end of part two.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 25/03/2008
Reeditado em 25/03/2008
Código do texto: T915735
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