Mundo Novo
O mundo mudou!! Ontem, hoje e sempre. O mundo sempre muda, sempre se abre uma brecha no meio da loucura do dia, sempre se abre uma brecha no meio do tédio do dia. Sempre uma luz se faz presente no dia de cada um, sempre alguém nos olha de uma forma em que nada mais podia ficar no lugar. Sempre acontece alguma coisa naquela esquina diferente em que você vira, ou naquele cigarro que você nunca fuma e que por motivo algum resolveu fumar. Todos os dias o mundo muda a nossa volta, mas estamos tão preocupados em não nos deixar enganar, em não cair, em não nos machucar. Preocupamos-nos tanto com aquela cordinha ínfima e pequeninha que nos agarramos, nos apegamos tanto as migalhas que estamos acostumados a receber da vida, que não percebemos que ela nos oferece apenas pedaços inteiros e se nos caem migalhas, é porque ficamos esperando aqueles que realmente se arriscam viver. E são dessas migalhas que vivemos. Da música que alguém ousou fazer e gravar, do livro que alguém ousou escrever e publicar.
E são nessas pessoas que vivem que jogamos pedras quando queremos falar que nossa vida é boa, quando queremos provar para nós e para os outros pobres coitados que estão ao nosso lado que nossa vida é boa e que nossos dias são plenos. E atiramos pedras neles, porque somos covardes demais para nos castigar ou para mudar de vida. Somos covardes e apegados demais, somos desesperados por juntar migalhas, olhamos fixamente para o chão procurando moedas enferrujadas e esquecemos do céu infinito, das possibilidades inesgotáveis do poder criador e da força interna que nos mantém em pé apesar de todas as dificuldades. E choramos com o rosto no meio das pernas, porque além de tudo, ainda temos medo e vergonha de demonstrar que somos humanos.
Enquanto quisermos ser perfeitos, enquanto quisermos ser máquinas que não erram, que não tentam, que não repetem, enquanto quisermos ser apanhadores de migalhas, enquanto quisermos nos ajoelhar por migalhas, não conseguiremos ver a brecha do mundo, não conseguiremos ver que o mundo mudou enquanto você eu nos agarrávamos um no outro para não cair. Porque não queríamos acreditar que esse tombo seria o começo de uma nova vida, o começo de um novo mundo, o começo de um novo começo.