Ainda Tem Judas Para Malhar
O meu olhar procura um Judas para malhar. Já tinha uns candidatos òbvios, até. Mas não sei bater e não gosto. Talvez tenha medo que revidem. Às vezes dou porrada com palavras. Dizem que uso adjetivos como pedras (não é com todo mundo: és um privilegiado!).
Para falar a verdade não sou violenta mesmo. Tenho até dificuldade com a minha agressividade e só jogo as pedradas em que me faz mal; quem brinca com meus sentimentos.
Claro que a tal empresária sádica, pior que bruxa de contos de fadas, é a mais forte candidata, mas acreditem ou não, tive compaixão ao saber que é órfã desde criancinha e que tinha percorrido vários orfanatos. Não estou justificando, pois foi uma das coisas mais bárbaras que vi (e não tive coragem de ver tudo). Criança não deveria sofrer. A moça é doente mental, uma sociopata. Não. Não quero brincar com esse absurdo.
Já sei o que fazer: pego uma fronha e jogo dentro papeizinhos com os nomes de quem gostaria de bater. Começando por você, que me fez sofrer. Depois Lula e os outros da quadrilha. A moça-monstro também vai. Gente falsa idem. E bato. Malho meus Judas até que a raiva passe e meu coração esvazie a dor e raiva.