Pensando sobre o escritor e sua escrita II
Existem poemas que são a expressão de um sentimento latente no coração e que são jorrados para a existência corpórea, viva no papel; certamente que existem! Porém, e talvez seja correto afirmar, existe o poeta que vive nesta dimensão por continuadas vezes, uma repetição da fórmula à exaustão! De certo, muitas vezes me enquadro nessa realidade! (Tema: Amor; Forma: Soneto)
Entretanto, sou favorável às diversas formas de construção do verso, conforme a ocasião e o tema dado. Apenas, isto é certo, não corroboro da situação de repetição aleatória da palavra no texto. Escrever tem uma lógica anterior à escrita. É o conhecimento adquirido, a escola de boa-vontade do poeta em aprender os macetes da boa escrita.
Não sou um escritor de rótulos, prefiro o soneto e em versos metrificados, todavia, não é uma camisa de força, nem é uma opção forçada, é puro prazer. Entretanto, posso abrir o leque de opções e correr pelos gêneros líricos existentes e criar minhas composições diversas do soneto clássico. O que me deixa um tanto ressabiado é a repetição sem lógica, sem ordenação do pensamento, sem um Norte!
Façamos da Poesia uma casa do saber, uma casa de emoção interior também e de habitat da palavra bem realizada querendo ser uma partícipe da decoração precisa do ambiente poético. O verso não precisa ser brilhante, lapidado no ourives da melhor joalheria do mundo, certamente que não! Entretanto, não precisa deixar de ser capaz de dar ao poema: o ar de uma construção em que exista uma harmonia, mesmo que vista apenas por um olhar atento e/ou apurado.
Escrevamos, poetas! Escrevamos nossas inquietações, nossos modos de enxergar a Vida e o Amor! Escrevamos, mas não dilapidemos o patrimônio da palavra bem-realizada, porque esta é a nossa expressão máxima no texto, nossa marca registrada. Pensemos que o amadorismo ou o profissionalismo nunca se separam, e toda a Vida se cruzarão, pois, a extensão da palavra escrita, na história de cada um, não é separação e sim encontro. (Afinal, todos nós somos capazes de escrever e de expressar idéias e sentimentos que se cruzam na escrita amadora e profissional!)
Queria a sensibilidade da percepção de quando o limite entre o amadorismo e o profissionalismo se rompe, não como uma superioridade, mas como uma possibilidade de um vôo mais alto no caminhar das Letras. Esta é a aula principal para o escritor, penso eu. Existe o tempo da maturação, o tempo do aprendizado intenso, para a colheita momentânea (a hora da escrita), do fruto do árduo plantio; que pode se tornar, rapidamente, um fruto seco se a plantação se fizer, daí em diante, sem o devido cuidado do eterno aprendiz.
Poetas! Sou amador na escrita, amador na Vida, amando vivo a Vida, vivo o Amor! E escrevo meu canto; apesar de humilde e de simplório na compreensão, tenho o cuidado de calmamente me levar pelo caminho da inspiração e da realização zelosa.
Escritores-poetas e Escritoras-poetas amigos! Não deixemos jamais o desejo de notoriedade (individual) alterar o caminho necessário para a notoriedade da nossa escrita; creio eu que a nossa, como indivíduo, não é preciso existência. Lembremos: é preciso ter os pés no chão para ser escritor... VOAR é só para a INSPIRAÇÃO que pode e deve ser criativa, a ponto de surpreender e conter em si a qualidade necessária para o poema ser bonito.
Enfim, continuemos na seara da poesia, com humildade, discernimento, amor e dedicação a construir -- (re)construir, diariamente, nossos caminhos na avenida da palavra, para que o farol verde se acenda sempre no caminhar até o final da avenida, que é o local do sonho realizado: saber-se um bom escritor, mesmo que amador de profissão, mesmo que apenas um cantor do coração, mesmo que um(a) realizado(a) poeta em sua íntima vitória, através de um livro publicado.