RÁPIDO VÔO DE PENSAMENTOS
Nesse rápido vôo eu penso. Tenho quinze segundos de pensamento.
Não sei quem criou o meu planeta, ou o universo; mas sei que não sou. Posso ser um verme dentro de um intestino, ou uma partícula de um átomo. Posso ser uma imaginação, ou um simples programa de computador. Posso ser nada.
Na louca lucidez dos meus pensamentos eu sou metamorfose. Estou cético e estou explodindo e estou derretendo, transbordando, evaporando; eu estou vácuo. O longo grito não chama a atenção, porque estou só. Apenas um corpo em direção a outro, no vazio das lembranças.
Em outras realidades por onde andei, não achei problemas ou soluções – apenas fuga. Fugindo de mim, do homem, das máscaras, fiz uma pausa para analisar a existência. E descobri que ela não passa de uma conversa entre dois intelectuais.
Cavalos silvestres, insetos amassados no pára-brisa, concreto armado e ferro fundido. A perpetuação da minha espécie acionou o cronômetro (mais uma mania do tempo), e conseguimos ainda endorfinas e instintos. Pessimista, surrealista ou dadaísta? Vamos lá colocar os rótulos porque eu preciso seguir viagem.
Nesse rápido vôo eu penso. Só me resta um segundo, e eu ainda penso.