Missa de sétimo dia
Abro o tópico crônicas e primeiro leio o que os meus amigos escrevem. Depois, procuro títulos atraentes. Já cheguei a ler todas as crônicas publicadas em um determinado dia. Muitas dessas crônicas acabam inspirando novas crônicas. Como hoje.De tanto ler sobre assuntos pascoalinos, foi se fixando em minha mente a vontade de escrever sobre um tema: os ritos ou rituais religiosos.
Nasci católica mas sempre fui rebelde. Nunca aceitei que as coisas fossem simplesmente porque sempre foram.Mas de uma coisa eu não abria mão. As cerimônias rituais. Adorava a missa em latim de minha infância. Soube que a Igreja pretende ressuscitá-la em ocasiões especiais e estou antenada: quando descobrir uma, certamente irei assistí-la.Quando ainda era de frequentar missas e havia cerimônias de Bençãos do Santíssimo, sempre ficava, inebriada pelo cheiro dos incensos.Era como se minha alma se transfigurasse e eu me sentia subindo aos céus acompanhando aquelas fumacinhas cheirosas.
Mas o que mais me atraía, sem dúvida nenhuma, eram as missas de sétimo dia. Nessa ocasião os mortos eram reverenciados de tal forma que toda a assistência saía em prantos da Igreja. Ah, como eu gostava dessas cerimônias, quando eu chorava feito uma bezerra desmamada, como se fosse íntima do morto! Eu nem me sentía constrangida, afinal eu estava bem acompanhada, todos choravam como eu. Para mim era uma catarse já que tenho uma secura natural e são poucas as ocasiões em que choro, publicamente ou não. Imaginem como chorei, quando as missas foram as de meus mortos! Assim foi com meu pai e meu irmão, há mais de vinte anos.De uns tempos para cá, as coisas mudaram. Hoje apenas se cita o nome dos mortos, que são atendidos coletivamente, no começo e meio da cerimônia. As vezes, apenas no começo, de modo que se a gente chega atrasada e não ouve as intenções tem que ficar de pescoço esticado e maleável a fim de encontrar um dos parentes do morto, para ter certeza de não estar em missa errada. Já fui em Missa de Sétimo Dia que ao mesmo tempo foi uma Missa de Formatura.Fico pensando se é por falta de padres ou se estes, tendo uma cota a cumprir se recusam a realizar missas extras.É uma lástima mas fazer o quê?
Pensando nesse assunto me lembrei da conversa que tive com uma amiga há algumas semanas atrás. Falando sobre este tema,que há muito me apoquenta, ela me lembrou que, em uma cidade não muito distante daqui, as missas de sétimo dia costumam ser como eram nos tempos de antanho. Disse-me ela que, indo a uma dessas, onde a emoção de todos ficou a flor da pele, posteriormente, em uma conversa particular com o Vigário, perguntou: por que aqui em sua cidade as pessoas se suicidam tanto? Ao que ele, com um sorriso triste, respondeu: você não acabou de assistir a uma Missa de Sétimo Dia? Bem, eu nunca pensei em me suicidar só para ter uma Missa de Sétimo Dia nos moldes antigos. Mas estou sinceramente tentada a pedir que realizem a minha Missa lá. Se é que alguém vai se lembrar de mandar celebrar uma por minha alma rebelde e infiel.
Abro o tópico crônicas e primeiro leio o que os meus amigos escrevem. Depois, procuro títulos atraentes. Já cheguei a ler todas as crônicas publicadas em um determinado dia. Muitas dessas crônicas acabam inspirando novas crônicas. Como hoje.De tanto ler sobre assuntos pascoalinos, foi se fixando em minha mente a vontade de escrever sobre um tema: os ritos ou rituais religiosos.
Nasci católica mas sempre fui rebelde. Nunca aceitei que as coisas fossem simplesmente porque sempre foram.Mas de uma coisa eu não abria mão. As cerimônias rituais. Adorava a missa em latim de minha infância. Soube que a Igreja pretende ressuscitá-la em ocasiões especiais e estou antenada: quando descobrir uma, certamente irei assistí-la.Quando ainda era de frequentar missas e havia cerimônias de Bençãos do Santíssimo, sempre ficava, inebriada pelo cheiro dos incensos.Era como se minha alma se transfigurasse e eu me sentia subindo aos céus acompanhando aquelas fumacinhas cheirosas.
Mas o que mais me atraía, sem dúvida nenhuma, eram as missas de sétimo dia. Nessa ocasião os mortos eram reverenciados de tal forma que toda a assistência saía em prantos da Igreja. Ah, como eu gostava dessas cerimônias, quando eu chorava feito uma bezerra desmamada, como se fosse íntima do morto! Eu nem me sentía constrangida, afinal eu estava bem acompanhada, todos choravam como eu. Para mim era uma catarse já que tenho uma secura natural e são poucas as ocasiões em que choro, publicamente ou não. Imaginem como chorei, quando as missas foram as de meus mortos! Assim foi com meu pai e meu irmão, há mais de vinte anos.De uns tempos para cá, as coisas mudaram. Hoje apenas se cita o nome dos mortos, que são atendidos coletivamente, no começo e meio da cerimônia. As vezes, apenas no começo, de modo que se a gente chega atrasada e não ouve as intenções tem que ficar de pescoço esticado e maleável a fim de encontrar um dos parentes do morto, para ter certeza de não estar em missa errada. Já fui em Missa de Sétimo Dia que ao mesmo tempo foi uma Missa de Formatura.Fico pensando se é por falta de padres ou se estes, tendo uma cota a cumprir se recusam a realizar missas extras.É uma lástima mas fazer o quê?
Pensando nesse assunto me lembrei da conversa que tive com uma amiga há algumas semanas atrás. Falando sobre este tema,que há muito me apoquenta, ela me lembrou que, em uma cidade não muito distante daqui, as missas de sétimo dia costumam ser como eram nos tempos de antanho. Disse-me ela que, indo a uma dessas, onde a emoção de todos ficou a flor da pele, posteriormente, em uma conversa particular com o Vigário, perguntou: por que aqui em sua cidade as pessoas se suicidam tanto? Ao que ele, com um sorriso triste, respondeu: você não acabou de assistir a uma Missa de Sétimo Dia? Bem, eu nunca pensei em me suicidar só para ter uma Missa de Sétimo Dia nos moldes antigos. Mas estou sinceramente tentada a pedir que realizem a minha Missa lá. Se é que alguém vai se lembrar de mandar celebrar uma por minha alma rebelde e infiel.