A PRESENÇA DE DEUS

Depois de muito relutar, cedi aos apelos dos meus amigos. Fui pescar. De chapéu, bota e calça jeans Ah! Também levei, minha bolsinha de remédios e o meu radinho de pilhas, já sintonizado na Globo AM. (Não me separo dele). Confesso que viajei um pouco ressabiado, mas aos poucos fui me integrando e quando horas depois chegamos ao local, fiquei maravilhado com a beleza do lugar.

A cachoeira parecia uma cortina dágua, as árvores enormes, o rio límpido e caudaloso; em tudo se via a mão de Deus. Tentei pescar, mas confesso, não levo o menor jeito. Então resolvi explorar a região. Observei a variedade de pássaros, como são belos, cada qual exibia o seu canto magistralmente, e eu ali boquiaberto, observando admirado. Vez ou outra corria até a cachoeira e por ali ficava bastante tempo, recebendo aquela queda dágua que tinha efeito revigorador.

A noite depois do jantar sublime preparado pelo nosso Mestre Cuca, Juca, procurava o conforto da minha rede, estratégicamente acoplada em duas árvores enormes, possibilitando a visão do firmamento.

As estrelas, no céu muito límpido, brilhavam, divinamente distantes. Pareciam brincar deslocando-se. Aprendi que o céu visto da mata, distante dos grandes centros, certamente é muito mais belo. Gostei demais dos dias passados a beira de um rio e pasmem; não tomei nenhum dos cinco comprimidos que tomo diariamente. Nem me lembrei da malquista diabetes.

A vida agitada de nossa civilização automatizada e de nosso desenvolvimento tecnológico vai cada vez mais afastando o homem do contato direto com a natureza, tomando-o cada vez mais insensível à maravilha do universo e cego em face a tantas belezas naturais.

É preciso um certo esforço para voltar às bases e descobrir as atrações que o universo encerra.

Não é preciso fugir para o fundo das matas para ver o que a flora tem de maravilhoso. Contemplar a beleza de uma flor do jardim, sentir-lhe o perfume por alguns instantes de repouso já significa levantar um pouco o véu que esconde o tesouro das belezas naturais e deixar que esse espetáculo faça jorrar mais otimismo em nossa mente.

Não é preciso se retirar das concentrações urbanas para acolher o que a fauna nos oferece de reconfortante para a mente. Basta abrir os olhos e ver. No mistério da vida dos menores insetos se escondem tesouros de belezas naturais. Não é preciso ir muito longe para abismar-se com as riquezas que a natureza tem para nos oferecer.

A felicidade encontra-se potencialmente em cada um de nós. Basta saber descobrí-la. Por isso, quem não pode, por um motivo ou por outro, fugir de seu ambiente corriqueiro de vida, por alguns dias, para ir desfrutar a paz de um lugarejo tranqüilo perdido no interior, cercado de montanhas, rios e florestas, pode, por um pequeno esforço que com o tempo vai se transformando em hábito, criar em si mesmo esse ambiente reconfortante.

O que deve ser evitado a todo custo é a mania de “ruminar” idéias pessimistas e repassar mentalmente os acontecimentos infelizes de nossa existência. O que deve ser procurado, incessanternente, é cultivar as idéias otimistas e apoiar-se nos sucessos para enfrentar as novas lutas.

E tudo fazer para que não percamos a sintonia com a natureza e não nos privemos de seus encantos nem do seu criador!

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 21/03/2008
Código do texto: T910697
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.