VISTO AMERICANO E DEPORTAÇÃO - FANTASMAS
(de Recife – Pernambuco) – O tema está tão atual que as tramóias da politicagem sediada em Brasília chegaram a perder força nas manchetes dos principais jornais e revistas do Brasil e do mundo; neste primeiro trimestre de 2008 o assunto mais polêmico foi a crise diplomática entre o Brasil e a Espanha, quando centenas de brasileiros foram deportados sem muita justificativa pelo Governo de Zapatero da Espanha, enquanto alguns “gatos pingados” de lá, tiveram um tratamento similar (sem nenhuma ofensa), por parte da Polícia Federal daqui.
As relações diplomáticas entre o Brasil e o restante do mundo sempre foram as melhores possíveis, desde o tempo em que anexávamos terras vergonhosamente aqui na América do Sul. Nos últimos anos, as únicas nações que se queixavam de problemas com brasileiros ilegais, com maior força, foram os Estados Unidos da América e Portugal na década de 90 do século passado.
Com a unificação de alguns países europeus que formaram a União Européia os vistos de entrada de turista para brasileiros praticamente foram abolidos e o trânsito de brasileiros a Europa ficou “livre”, sendo aplicada sempre a Lei da Reciprocidade, ou seja: se brasileiros podem entrar na Europa, europeus de um modo geral podem entrar no Brasil sem a necessidade de obtenção de visto de turista; isso na teoria, pois na prática as coisas não são bem assim, conforme vimos perplexos as últimas notícias vindas de Madrid.
Já para os Estados Unidos, quase nada mudou; os brasileiros precisam requerer previamente o visto de entrada para todas as categorias e os estadunidenses também precisam fazer o mesmo se quiserem vir aqui, mas neste caso, a proporção é “mil anos luz” desfavorável para nós, pobres latinos “tupiniquins” que sonham em conhecer e morar na maior potência mundial.
Passo a passo discutiremos tudo que você deve saber para quando desejar sair do Brasil seja para a Europa, Japão, Austrália, Canadá ou Estados Unidos, sem o medo ou a chance de ser deportado, mesmo tendo sido aprovado na entrevista do visto; sim, por que toda nação poderá revogar sem explicação o seu próprio visto e isso é um caso comum quando esta nação é o Canadá, Japão e Estados Unidos. O fato de alguém possuir um visto não lhe concede em tese direito de ingressar no país; nos Estados Unidos as autoridades de imigração possuem poderes soberanos aos dos corpos consulares.
Todos os dias milhares de brasileiros enfrentam filas intermináveis para tentarem obter ou renovar os vistos americanos. Esta concentração é muito maior de pedidos nos consulados do Rio de Janeiro e São Paulo, pois estas duas representatividades diplomáticas são as responsáveis pelas jurisdições da maioria dos Estados do Brasil. Não há estatísticas divulgadas oficiais, mas alguns funcionários dos consulados afirmam que de cada 100 requerentes apenas 15 conseguem efetivar o pedido.
As etapas para o requerimento de um visto de entrada nos Estados Unidos da América começa da seguinte forma:
a) Pagar uma taxa de R$ 38,00 para a marcação da entrevista no consulado;
b) Fazer o agendamento através do site do Consulado dos Estados Unidos (média de 90 dias da entrada da solicitação até a data da entrevista);
c) Pagar a taxa de U$ 131,00 (R$ 262,00) no Citibank;
d) Esperar o dia da entrevista com TODOS OS DOCUMENTOS e esperar ser chamado;
e) Pagar a taxa de envio pelo serviço do próprio consulado para receber seu passaporte em casa. Hoje esta taxa é de R$ 37,00 (sedex especial). (prazo de até 08 dias úteis).
100 dias em média é o limite entre começar o processo e o término dele, já o investimento, tomando-se em conta quem mora em Minas Gerais, por exemplo, e os horários estipulados pelo Consulado responsável, o de São Paulo, os gastos chegam a R$ 900,00 entre taxas, fotos, transportes e hospedagem.
Quem pretende requerer um visto de turista para os Estados Unidos da América deverá ser sabedor na íntegra que milhares de pessoas tentam em vão tal visto e outros milhares tentam fazer a via de entrada legal por fronteira com o México, portanto, o Departamento de Estado daquele país investe pesado em sistema de informações e segurança, para excluir naturalmente que pessoas más intencionadas não entrem e fiquem por lá; por conta de tantas informações e sistemáticas, alguns cidadãos do mundo, que de fato pretendem visitar como turistas acabam sendo barrados já na entrevista, por uma série de fatores que veremos a seguir.
É óbvio que os estadunidenses querem que todos os cidadãos do mundo, sobretudo os que podem pagar caro, visitem seu país e deixem lá milhões de dólares em compras e serviços; é isso que ajuda a fazer daquele país a maior potência econômica do mundo, mas cerca de 90% dos que tentam entrar por vias legais não comprovam sequer que conseguem se manter por mais de 03 dias, ou seja, eles não possuem gabarito comprovado que irão retornar aos seus países de origem e o resultado é este que assistimos no cotidiano; voltam para casa com uma negativa em seus passaportes.
Os estadunidenses e outros gentílicos não desejam ver seus postos de trabalhos ameaçados por mão de obra barata e sustentar pessoas de outras nacionalidades com apoio social governamental é caro e perigoso; por isso é que eles fecham suas portas e criam tantos mecanismos e barreiras que impedem os não convidados.
Mas então o que é que prova a capacidade de sustento e a credibilidade plena de que quem pede visto voltará ao seu país de origem? É muito simples, aliás, muito simples; os dois países mantêm relações diplomáticas e ambos conhecem a legislação um do outro, portanto, ambos conhecem os mecanismos de renda e as condições sociais, no nosso caso, os brasileiros em geral não possuem 10% do que os americanos possuem para gastar em viagens ao exterior e mesmo assim, vemos muito mais brasileiros nos Estados Unidos do que o contrário.
Em 2005, centenas de brasileiros presos na ilegalidade foram deportados após meses de cárcere, a maioria de Minas Gerais, após longas conversas entre autoridades do Brasil e dos Estados Unidos e não se há notícias de sequer 1% daquele total, de americanos presos e deportados pela mesma prática aqui no Brasil. Tal circunstância demonstra claramente que somos maioria neste processo e que eles, os americanos, de fato devem estar preocupados com este ilícito penal, afinal de contas, não só os brasileiros que vislumbram riquezas naquele país.
Quais são as dicas para os iniciantes pretendentes ao visto de turista para países rigorosos na questão de imigração? Também é simples esta questão tão assustadora; nós brasileiros, devemos tomar algumas precauções antes de requerer um visto; tais precauções que informarei aqui são regras básicas que demonstram boa fé e que as informações contidas no cartão de entrevista são verdadeiras:
PARA PEDIR O VISTO:
a) Jamais exiba documentos falsos. A exibição de documentos falsos é algo que pode detê-lo em solo tanto brasileiro quanto estrangeiro e sua situação poderá ficar ainda pior do que a simples negativa de uma entrada.
b) Reserve por agência séria o hotel, de preferência com o pagamento por cartão de crédito antecipado. 99% das pessoas que tem o visto negado não fazem isso.
c) Da mesma forma faça com a passagem aérea. Deixe reservado, a ida e a volta.
d) Se for seu primeiro visto, leve documentos originais como os últimos três comprovantes de renda (contracheque ou imposto de renda detalhado). Estes documentos servem para provar que sua base de gastos provém de algo sólido e verdadeiro, além de comprovar em tese a sua atividade econômica. Nada de recibos de contadores ou holerites feitos em casa, isso não “cola” mais nem na locadora de vídeo da esquina. Lembre-se que declarações de renda isentas provam que o cidadão ganha menos de R$ 24 mil por ano, quase o custo de uma viagem boa de 15 dias para os EUA.
e) Se não tiver emprego, prove que é sustentado por alguém que o tenha.
f) Cartões de credito internacionais com bandeiras de grandes bancos ajudam no critério de seleção. Os Platinum, Infinity, Gold e todos os American Express (cartões de compra) são mais bem vistos, pois exigem rendas altas de seus posseiros.
g) Escrituras de imóveis ajudam também a provar o vínculo com o país.
e) Experiências anteriores comprovadas em passaporte também ajudam a ligá-lo a imagem do turismo.
f) Extratos de contas-correntes com saldos positivos também chancelam seu passaporte com bons vistos e podem ajudar inclusive a requererem visto de negócio, se for o caso.
g) Ser casado com filhos e estes não viajarem também pode ajudar.
e) Por incrível que pareça, sua roupa no dia da entrevista é importante. Se vista de acordo com seu perfil econômico declarado. Muito embora isso não prove nada na prática, eles, os cônsules, costumam analisar este critério.
f) O emprego há pelo menos dois anos também é um fator primordial na hora de requerer o visto.
g) Estar seguro do que responde na entrevista é o principal fator. Os cônsules são treinados para descobrirem mentiras e se isso ocorrer, dificilmente seu visto será concedido.
CHEGANDO AO PAÍS
a) Estar com no mínimo R$ 500 dólares em espécie para as despesas pequenas e de posse de todos os seus cartões de crédito e/ou travels checks.
b) Estar seguro do motivo da viagem e dos lugares que declarou ficar e viajar. Qualquer deslize, você poderá voltar no mesmo vôo que o levou.
c) Pouco dinheiro e poucas provas de “poder de compra e pagamento” com muitas malas é um bom sinal de imigração ilegal. O normal é viajar com pouca roupa para comprá-las na viagem, além de outras tranqueiras.
d) Falar um pouco do idioma local poderá ajudá-lo a permanecer no país.
Um pacote turístico completo para os Estados Unidos hoje, mesmo com o dólar em baixa, não sai por menos do que R$ 8 mil reais para uma semana em hotel de categoria turística e tudo lá fora é muito caro, portanto, não é toda pessoa que pode pagar por uma viagem como esta; o que nos faz concluir que em parte eles têm razão.
O fantasma do visto e da deportação ao final é uma coisa simples de ser resolvida, desde que os requerentes tenham a sensibilidade de se colocarem no “lugar” das autoridades concessoras. Antes de pedir seu visto ou apanhar o primeiro avião rumo a Europa, verifique bem todas estas informações e leve em conta os critérios padrões adotados pelos países, para não ter que gastar dinheiro em vão ou passar pelo vexame da deportação.
Boa viagem e conte-me sua história depois.
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br