Inventando motivo...

Eu, na minha cama, tranqüilo, lendo as teorias de Freud. Freude é foda: leva-nos aos recônditos da alma mais profundos. O pensar foi parar em Cardromildo Robalântico. Não é que descobri remotíssima possibilidade de estar querendo dar a bunda para o sujeito que carrega tão desgracioso nome? Ainda se isso fosse a única hecatombe, vá lá... Tem cara de pinto pequeno, fino, encapado... Trincaria os dentres, arreganharia e diria: vai! Porém, o buraco é mais em baixo.

Vou dizer de quem se trata. Um colega durante o Ensino Médio que eu não conseguia suportar a presença, apesar de nuncar me ter feito grandes insultos. Mas nem precisava. Um tipo arrogante a ver tudo por cima, a sentir-se ouro no reino dos latões comidos pela ferrugem. Não sabia expressar-se e suas constantes reticências (parecia que fazia de propósito para que todos o olhassem) irritavam-me sobremaneira. A voz irritante, cortante, meio postada, meio desafinada, meio melosa, pedante, para dentro... Usava marcas famosas e xampu caro nos cabelos cortados à moda ‘mamãe qualquer hora dou o cu’.

Como podia Freud jogar uma tragédia assim, dessa maneira, sem um profundo processo de preparação psicológica? Do décimo andar atirei o compêndio aos transeuntes, corri até a gaveta, saquei o 38 e não pensei duas vezes: meti bala no ouvido. Uma semana depois, recolheram-me, apodrecido, da kit no centro de São Paulo.

Há que se cortar certos males pela raiz, ou, dos males o menor!