Poesia intimidatória.
Recentemente me vi lendo poesias de um poeta, cognominado Bill Negão.
Eram versos livres. Rimas medianas. Definitivamente, no mínimo, ele fez o segundo grau.
Animei-me e li tudo o que ele publicou. Eu parecia como Sean Conery em Finding Forrest. O filme retrata o relacionamento de um adolescente negro nova-iorquino do Harlem com um famoso escritor que por trinta anos resolveu viver recluso num apartamento, perto de onde o garoto joga basquetebol.
O garoto, um gênio ao pé da palavra, optou pela literatura. O filme em si nos leva a mesma mensagem de Perfume de mulher. Aqui, quero dar entender o que sente um velho rabugento quando vê vida inteligente no normal mundo alienado dos jovens.
Imaginem as letras rapianas com sua característica “licença poética” ao nosso vernáculo e de repente escutem as mesmas letras, agora razoavelmente escritas por um aluno aplicado de gramática. Foi isso que me chamou atenção.
Mas então, o famoso “nem tudo que reluz é ouro”, apareceu no que a poesia se propõe. Alguém já disse que a história conta os fatos e a poesia diz como deveriam ter sido.
Todos sentimos quando num texto lemos “o sol é quente” para diferentemente “o sol abrasador”. Quente é abstrato, já abrasador nos faz “sentir” brasa, fogo, vermelho, amarelo, queimadura. É isto que a poesia faz no idioma, dá alma.
A alma da poesia do Sr. Bill Negão é a mesma daqueles verdadeiros cantores de Rap. Uma poesia intimidatória e todas elas dizendo o mais do mesmo. Tudo se resume que alguém é um banido da sociedade e por isso ele vai se tornar o pior pesadelo dos outros membros da sociedade. Em suma, o enaltecimento de uma criança com uma arma na mão.
O pseudo Connery aqui, tentei lhe dizer que o dom que ele tinha não era pra se estigmatizar escrevendo somente aquele tipo tema. Mostrei que sua arte seria melhor enfatizada se se abrisse pro universo e não permanecesse dentro de um quadrado de idéias.
A primeira resposta foi rasteira. Ele só sabia escrever a rebeldia, a injustiça.
A segunda, depois de ler alguns de meus textos, sutilmente mandou-me “me catar”.
Analisando agora sem o ardor da paixão, acho que Bill Negão não é nenhum garoto, mas possivelmente alguém abaixo dos trinta, que teve algum estudo e que por uma razão ou outra não tem ou não consegue emprego.
Provavelmente não se esforça o suficiente e só acha alternativa escrevendo poesia intimidatória para otário.