O MAIOR ESTELIONATO ELEITORAL
Beto sempre primou pela solidariedade, muitas vezes liderou campanhas para angariar recursos, alimentos e roupas para familias desamparadas.
Quando se aproximava o natal, lá estava Beto á frente das campanhas para arrecadar brinquedos para as crianças pobres. O rapaz trabalhava com afinco e satisfação. Os moradores dos bairros pobres já o conheciam e ele era saudado com simpatia e admiração por onde passava.
A falta de assistência do governo a perifieria da cidade, em geral carente em infra-estrutura e serviços urbanos, e que abriga os setores de baixa renda da população, geralmente operários, revoltava o rapaz.
Sem oportunidade para participar do movimento da luta armada, ele juntou-se ao que chamavam na época de esquerda festiva.
Era uma gente diferente, uma turma composta de estudantes, artistas, escritores e poetas, pessoas alegres e contestadoras.
A reunião muitas vezes se dava numa praça, ao redor de um banco de jardim, -reduto de gente que levava a vida com rebeldia, mas sempre temperada com um certo charme intelectual e alternativo- varava-se a madrugada, e ali se resolvia qualquer problema do Brasil, tinham solução para tudo.
Quase sempre tais encontros eram regados á uma boa cachaça de litro com tampa de sabugo de milho, que passava de mão-em-mão, espantando o frio ou o calor e abrindo as mentes.
Beto com apenas 16 anos, discorria com discursos sempre inflamados, e empolgava os ouvintes com projetos ousados de uma vida melhor para os trabalhadores.
Quando discursava as esperanças dos ouvintes tornavam-se mais consistentes, a esperança brotava nos rostos e o sorriso franco alegrava a face.
Durante muitos anos Beto e seus amigos se reuniram discutindo e alimentando a esperança de um Brasil melhor e mais justo.
O tempo passou e cada um dos membros desta turma seguiu seu caminho, alguns foram para a capital, outros simplesmente mudaram sem deixar endereço, os amigos dispersaram-se.
Beto tornou-se professor, casou-se com Maria Angélica com quem tem três filhos, vive e sustenta a familia com o minguado salario de professor, mora num conjunto habitacional, porém nunca deixou que o espirito de solidariedade e justiça que sempre o acompanhou, o abandonasse.
Manteve sempre os discursos de democracia, igualdade e liberdade, e dentro desses parâmetros educou seus filhos.
Filiou-se ao PT e sempre votou na oposição, engajou-se na campanha de Lula e mesmo após as várias derrotas, nunca esmoreceu e sempre teve uma palavra de ânimo para os companheiros.
Lula era a grande esperança do Brasil e dos operários e o guru de Beto.
Na eleição de 2.002 comemorou junto com a maioria do brasileiros a vitoria do grande companheiro Lula, esperada desde a juventude.
Por fim, com Lula no poder, comprovaria junto aos opositores as promessas do grande líder, era só esperar para ver.
Beto andava de cabeça erguida e sorriso escancarado com a esperança renovada.
O camarada Lula estava por fim sentado no tão ambicionado trono, agora podia destribuir justiça, mote que sempre usou nas suas campanhas eleitorais.
O tempo que nunca pára, continuou a passar, e o governo Lula se viu recheado de mensalão, dinheiro na cueca, malas de dinheiro, valerioduto, sanguessugas e outras falcatruas nunca vistas ou provadas.
A decepção começou para o rapaz com a guerrilha chefiada pelo ministro Palocci contra o pobre caseiro.
Uma luta desigual, deproporcional e tremendamente injusta.
O cavaleiro da esperança iludiu Beto e uma nação inteira, e assim o proletariado que lhe deu uma expressiva votação e festejou sua vitória imaginando dias melhores, sentiu-se enganado.
O grande eleitorado foi iludido pelo canto da sereia.
Nada mudou, pelo contrário até piorou, pois a trupe que se instalou no planalto é incompetente até mesmo para se locupletar, deixaram pista.
Hoje Beto anda cabisbaixo, fugindo das conversas, envergonhado em ver que todo o seu sistema de idéias dogmaticamente organizado como um instrumento de luta política foi prostrado a terra.
O maior estelionato eleitoral que o país já assistiu foi aplaudido por Beto, e está prestes a revificar-se.
Diz o dito popular que se deve lutar pelo ideal, pelo sonho, mas desta vez a luta não valeu a pena!
Pobre Beto !
REPUBLICAÇÃO.