Milagres da vida
 
Terça feira - 6:30h – 18 de março de 2008 – 8º andar
A algazarra das maritacas, bem-te-vis, sabiás me fizeram acordar.
Saio do meu quarto e participo da vida.
Os passarinhos chamando suas amadas pra acasalar.
As maritacas alvoroçadas, voando em bando
e pousando numa palmeira em frente, planejando onde iriam almoçar.
Um casal de sagüis agarrados numa velha figueira,
rabos embandeirados saltitando de galho em galho.
Eu ali extasiado, era muita vida, para um homem aproveitar.
Até meu gato Miu, enroscado sobre um bonequinho de feltro,
já todo mordido e rasgado, tentava transar.
Sob a água quente, um vapor em arco-íris
circundava as curvas douradas do meu amor.
Um barrado a principio azulado, depois dourado ia suavemente
se avermelhando, vinha surgindo no horizonte.
Era o sol depois de uma semana de chuva em São Paulo, trazendo vida e mansidão para as almas.
Encosto-me no parapeito da varanda e privilegiado,
vejo o dia nascendo.
Dobrei os braços e com as mãos espalmadas,
para o sol,
sentia meu corpo aquecendo.
Recebia tanta energia que mal podia absorver.
Respirava um doce ar da manhã.
Meus olhos encantados,
cheios de choro silencioso e feliz.
Dei graças a meu Deus, eu tinha nascido 
para mais um dia.
O sol estava nascendo para mais um dia.
Eu vivia os milagres da vida.

Doe sangue - Célula tronco é vida, aceite.
Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 18/03/2008
Reeditado em 18/03/2008
Código do texto: T906217
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