TRADUZI E ELA RASGOU TUDO!

TRADUZI E ELA RASGOU TUDO

Marília L. Paixão

Finalmente tinha chegado a carta que ela estava esperando. Já estava mais que combinado que ela correria lá em casa com a carta de amor que ela tanto esperava. Ela mesma tinha escrito uma com toda dificuldade do mundo. Tinha abraçado uns três dicionários, ficado umas noites sem dormir e disse que ainda assim tinha escrito uma carta mudando todas as palavras difíceis por umas fáceis. Ao reler a carta tinha até achado que havia ficado “brega”, mas o que importava era o sentimento, a essência. E mulher apaixonada é pura essência. Ele entenderia a mensagem principal, que era o amor que ela sentia.

Quando ela me disse da sua labuta escrevendo a carta apaixonada em Língua Inglesa eu fiquei pensando em que teria dado aquilo. Lembrei que na nossa época de Ensino Fundamental ela era péssima em Português, colava tudo que dava para colar em Inglês e suas redações eram um absoluto fracasso. E ela achou que a carta apaixonada dela, em Inglês tinha ficado brega... Tentei visualizar a carta dela e senti pena. Talvez minha imaginação estivesse sendo muito maligna. Talvez tivesse apenas muitos “I love you” e talvez o cara tinha até gostado.

- Porque não me pediu que lhe ajudasse?!

- ah, Marília, eu até que fui à sua casa, mas cheguei lá e te encontrei tão ocupada que não tive coragem de pedir. Sei que podia ter voltado outra hora e ter tentado de novo, mas você não para em casa e quando para está sempre trabalhando... E eu ia te pedir para escrever umas coisas que eu também estava com vergonha de lhe falar que eu queria escrever. Às vezes eu te acho tão séria, Marília!!!

Eu sou séria com as minhas coisas, mas com os outros não!!! Cada um com seu jeito, uai!! Por exemplo, eu adoro escrever coisas que outras pessoas talvez não escreveriam...

Tipo... Aqui vai um bom exemplo:

Ela escondia um beijo debaixo da língua. Pensei em provar, mas não provei.

Minha amiga soltou uma gargalhada!

- Se você escrever isso, as pessoas vão pensar que você é gay!

- E eu quero que as pessoas pensem o que quiserem, eu gosto mesmo é de fazer pensar!

Uma vez eu até tentei fazer uns poemas gays, mas consegui fazer pouca coisa. Não tenho muito contato com este universo masculino. Ainda quero oportunidade para explorar diversos universos da literatura e este é um universo novo.

- Então você teria escrito o que eu te pedisse para escrever?!

- Claro! Você passaria para sua letra e assinaria. Eu só faria a versão Inglesa do que você ia querer dizer. Talvez eu metesse um pouco o nariz no meio e arriscasse umas sugestões....

- Mas eu quis dizer umas coisas quentes para ele...

- Talvez tenha sido bom você ter escrito com bastante privacidade.

- Viu?! Não falei que você é séria?!

- Devo ser... depende do ângulo...rs.r.s.. Na verdade tem coisas que não carece dizer, mas apenas fazer, e referente à sexualidade, tudo é no momento do ato. Eu não escreveria uma carta sexy para ninguém neste mundo! Mas isso é Marília, você é você.

- Pois nem vou te contar o que eu escrevi!

- Não precisa, eu imagino.

------------------------------------------ THE END OF PART ONE.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 18/03/2008
Reeditado em 18/03/2008
Código do texto: T906167
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