Projeções

Ela se olhou no espelho, estava velha quase em farrapos, seus cabelo loiros estavam desgrenhados e sua pele envelhecida, baixou a cabeça e olhou para seu corpo, se jogou no lixo como sempre o fazia.

Retirou o espelho do apoio e sentada com ele no colo começou a chorar, como nunca havia chorado, suas lágrimas batiam naquele espelho tão sujo e cada lágrima de dor uma nova luz no espelho refletia, com luz e lágrimas a sugeira ia embora, tanto do corpo quanto da mente. Quando olhou novamente no espelho pode enfim ver claramente, quantos rostos haviam em suas rugas, nelas via seus antepassados seus pais, avós, tios, cada um deles estava ali, porém dentre a tantas projeções não via seu próprio rosto, onde estaria ela, desesperadamente pegou um pano e começou a passar no espelho e por mais que limpasse nada via além das tantas projeções. “Onde eu estou?” – se perguntava diante do reflexo de suas projeções. Vozes começaram a invadir sua mente como se todas as projeções resolvessem falar ao mesmo tempo e ela precisava cavar dentro de si mesma para encontrar uma saída para aquele cerco. Sua cabeça latejava, inconscientemente enfiou a cabeça em baixo da torneira de água fria começou a se lavar, vagarosamente com toda a paciência limpou toda sua cabeça, lavou seu rosto e penteou seus cabelos. Com coragem pegou o espelho e olhou-se novamente, estava limpa livre das rugas e das projeções. Sua pele estava branca e pura como a de um anjo e seus cabelos lisos cobriam parte de seu corpo.

Ela sorriu, ao ver no espelho um rosto que desde a primeira infância não via.

Sabrina Ferreira
Enviado por Sabrina Ferreira em 16/03/2008
Reeditado em 20/02/2009
Código do texto: T903613
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