Tropa de Elite

Berlim premiou “Tropa de Elite”. Isso massageou o ego de cineasta, atores e policiais setoriais ligados ao crime organizado. É um filme duro, mas bem feito. Resta saber o que dele depreenderão os maus profissionais e os bandidos livres do Brasil. O filme está premiado! Pronto! O país apareceu mais uma vez na Europa por um viés ilegítimo!

É fácil entendermos o porquê de filmes representativos da violência cotidiana nas grandes cidades serem bastante apreciados. Parece que não só os cinéfilos, mas a sociedade como um todo redefinem seus próprios valores ao ver a violência ser idolatrada quase, numa película de boa qualidade. Não saberia dizer se esse é o melhor caminho de mostrar-se essa arte. Investir em cenas de violência, ao meu ver, seria menos produtivo do que fazê-lo noutras áreas que não nos causassem tanto estranhamento.

A violência entra em cena duas vezes quando assistimos a tropa de Elite. Uns se acham dentro do enredo do filme. Alguns lamentam e tantos vêem seus egos bem massageados. Falar de amor, de vida, de esperança e de um futuro melhor para a humanidade bem que ser-nos-ia mais digestivo aos olhos e ao coração. Mas não foi dessa vez. Paciência!

Nossos jovens, de tanto assistirem às cenas violentas nos programas de televisão, revistas, jornais e filmes, estão cheios dela e o que nos é pior, exercitando-a nas cenas comuns do dia-a-dia violento de nossas ruas, nas pequenas, médias e grandes cidades. Tropa de Elite será que veio para ajudar? As retinas inocentes que assistem ao filme saberiam desvencilhar da película o que era e o que não era reproduzível racionalmente?

Pois bem, Tropa de Elite está aí, premiado e bem acolhido pelas críticas nacional e internacional. Será mostrado livremente a gregos e troianos no mundo inteiro. O que eu espero é que ele não seja um fato motivacional para jovens e adultos quererem reproduzir, no seio da sociedade, o que os impressionou. Vê-lo até que não poderia ser taxado de um exercício de risco, desde que a alma que o assiste a ele sinta-se inteiramente longe da essência violenta de seu enredo.

Como já ouvi dizer, Tropa de Elite chega a ser um marco de firmeza na produção atual do cinema brasileiro. Os nossos cineastas sabem produzir muito bem. Isso é um fato! O bom mesmo era que essa produção pudesse gerar esperança e fartura de paz e de amor entre os aficcionados pela arte do cinema. Investir em violência policial e em outras chega a ser um desperdício de inteligência e arte. Há tantos outros temas não violentos que bem poderiam ser usados para atrair o olhar já carcomido por ela dos nossos amantes do cinema.

Não posso esquivar-me de parabenizar a “arte pela arte”. Os produtores de Tropa de Elite fizeram uma grande película usando uma tétrica temática. Paciência! Agora é assistir e assistir ao filme!