Homem charuto

chuva fina, dentes escassos,

Lá vai ele pela esquina,

Na noite surrada de um paletó suado.

A ruidosa avenida o encoraja a mais uma baforada.

E a pinguinha esquenta as agruras

Engarrafadas pelo destino de um morador de rua.

O cobertor envolve a dor da perda,

Perda da dignidade, da mulher, da malograda vida.

O homem charuto ,

Embrulhado no carpete abandonado na caçamba,

Dorme debaixo da marquise ,

Do maior e mais poderoso Banco da metrópole.

GARDÊNIA SP 14/03/2008

Gardênia
Enviado por Gardênia em 14/03/2008
Reeditado em 03/01/2021
Código do texto: T901068
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