Homem charuto
chuva fina, dentes escassos,
Lá vai ele pela esquina,
Na noite surrada de um paletó suado.
A ruidosa avenida o encoraja a mais uma baforada.
E a pinguinha esquenta as agruras
Engarrafadas pelo destino de um morador de rua.
O cobertor envolve a dor da perda,
Perda da dignidade, da mulher, da malograda vida.
O homem charuto ,
Embrulhado no carpete abandonado na caçamba,
Dorme debaixo da marquise ,
Do maior e mais poderoso Banco da metrópole.
GARDÊNIA SP 14/03/2008