COMPARTILHANDO CARINHO - Regina Lyra

Compartilhar essa beleza criadora, essa insensatez inútil, essa vontade de tudo querer fazer... Quem sabe mais à frente, possamos pensar na poesia e vivê-la intensamente... Com as orquídeas a escutar os arpejos... Avolumando-se em sussurros íntimos, silenciosos, imperceptíveis... Assim escutamos as "vozes do silêncio" e perguntamos com a curiosidade infantil: - Para onde vamos?

Neste querer saber inútil, vamos caminhando para uma parceria imaginária, ou quem sabe, para um encontro inusitado. Onde as mãos se toquem, os lábios sintam o sabor de um beijo, extravasando em sucos de amor, e, entreabertos lábios, pedem mais um beijo. O corpo amolece e entreabre sua entrada num pulsar vibrante...

Toca, mansamente... O doce mistério circunda a doce loucura dos amantes em devaneio. Tudo é tão simples: olhar a face, beijar a boca, sentir os seios numa concha perfeita, que as mãos se transformam, mais nada! Uma tranqüilidade imensa abraça os namorados, permitindo sentir aquela imensa paz interior, que os parceiros nutrem ao estarem juntos, unidos por laços invisíveis de carinho, segurando com a mão da emoção.

Os enamorados procuram o amor que os faz vibrar mesmo de longe, sem poder apalpar aquele corpo, aquela face, aquela paixão que delineia num espaço perfeito, de dois em um. Na harmonia, sentem o pulsar do sexo, complementando toda a poesia.

Assim os dias passam, o encontro se torna natural, em busca do amor... Perfeito!

(Publicado na Antologia: O Amor que move o Sol e as Estrelas. São Paulo: Ed. Scortecci, 2005).

Regina Lyra
Enviado por Regina Lyra em 24/12/2005
Código do texto: T89971