Feliz Aniversário ... pra mim!

Aquele bicho temido de comparação pelos homens, duas caixas de cerveja, duas dúzias de qualquer coisa, um dia inteiro. Deixou de ser o bonitinho e leve 'vinte e três' pra pesar nos ouvidos como o assustador e exigente 'vinte e quatro'.

Meu dia.

Dia de acordar com o telefone tocando, de me arrumar mais que o habitual e acordar cedo sem a ajuda do despertador. Dia de encher o rosto de sorrisos, de acreditar que agora sim o ano começou e que tudo vai mudar. Pra melhor, claro. Dia de olhar tudo de cima, de sentir prazer no ventinho no rosto no caminho pro trabalho, de cansar de agradecer por todos os que passaram pra dizer um simples 'parabéns'. Dia de surpresas, músicas, presentes, mensagens e cartões cheios de afeto, trazendo a sensação de que sou amada por muitos.

Dia daquele cara engolir o orgulho e me ligar, daquele outro fingir que esqueceu embora eu tenha certeza que não, e de um terceiro aproveitar a oportunidade pra me procurar usando a desculpa de me dar os parabéns, sabendo que não vou estragar meu dia te dando um fora. Dia de lágrimas de alegria por tantas demonstrações de carinho, de lágrimas de tristeza pela ligação que não veio. Dia de sair e beber todas com minhas amigas lindas que não me abandonaram e vão curtir comigo uma balada. Dia de ficar em casa com mamãe que fez bolo especialmente pra mim e fechar os olhos bem forte na hora de fazer o mesmo pedido de todos os anos. Dia de esquecer um pouco os problemas existenciais e me entregar à sensação de bem estar, de ser amada, de ser importante pro mundo.

Hoje é meu aniversário, ainda é cedo e não sei o que me espera. Não sei se vai ter bolo e vela com minha nova idade e também não sei se vou poder fazer pedido, por isso quero desejar.

Quero que meus vinte e quatro sejam mais do que foram meus vinte e três e menos do que serão meus vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete. Que as certezas se materializem diante de meus olhos, que meus ouvidos não cansem de ouvir aquilo que espero, que meu coração pulse cheio de vida diante da presença daquelas pessoas que me acompanharam por todo esse tempo. Que permaneça quem for meu e desapareça quem for do mundo. Que meus sonhos materiais tomem forma física, que aquela assinatura deite certa naquele papel, enchendo meus dias de tranqüilidade. Que a preguiça me abandone e meus planos de movimento sejam postos em prática sem maiores rodeios. Que meus sonhos sentimentais preencham minha vida de certezas, de dias felizes, de noites intensas. Que aquele carinha seja só meu de uma vez por todas e que se não for ele que seja outro, mas que seja, apenas seja. Que as boas sensações já vividas se repitam, que eu ria mais do que chore e se chorar, que não me acostume a essa sensação. Que me venham muitas baladas, muitas noites de sono perdidas e tantas outras recuperadas, que a paz espiritual me chegue e eu não mais consiga disso fugir. Que eu cresça, amadureça, apareça. Que eu pare de fingir adolescência e tome de vez meu posto de mulher. Mulher de vinte e quatro. Mulher quase bem-resolvida, quase dona do próprio nariz, quase auto-suficiente. E que esse quase não atrapalhe o tudo que ainda vou me tornar.

Vinte e quatro anos de vida.

Pesa nos ouvidos? Talvez sim. Pelo menos pra mim.

Muito já vivido?

Talvez não. Só um quarto do que pretendo viver. E quem duvida que eu vou chegar lá!?

aishiteru
Enviado por aishiteru em 12/03/2008
Reeditado em 07/09/2009
Código do texto: T898579
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