O MENINO DOS CACHINHOS DOURADOS

Tenho a felicidade de ter três filhos, todos varões. É incrível como cada indivíduo é diferente do outro, independente de nascerem na mesma casa, serem criados da mesma maneira, pelos mesmos pais. Cada um tem sua personalidade, sua individualidade, seu caráter. É isso que forma um ser humano e talvez isso que o distinga no reino animal.

Aqui irei falar um pouco de um em especial. Trata-se do caçula, que chegou em dezembro de 1989. Não farei sua biografia, talvez um dia, espero, mas não agora. Irei deter-me numa fase de nossas vidas onde tudo era azul(se fossem garotas seria cor-de-rosa). Não que hoje tenha desbotado ou coisa assim, mas chamo de fase azul porque eu era um pai deslumbrado, de pouca idade, que acabara de ganhar mais um presente do céu, um lindo bebê de pele rosada, cabelos claros e olhos azulados(que depois tornaram-se verdes), e era o terceiro(e último) em pouco mais de quatro anos. Minha vida estava realmente numa fase azul. Três presentes maravilhosos em tão pouco tempo. O bebezinho era gracioso, esperto, sorridente e trazia alegria para nossas vidas. Ele crescia rapidamente, e com ele, seus cabelos. Quando contava a idade de apenas um aninho, tinha uma linda cabeleira cacheada e todos os cachinhos eram dourados. Parecia mesmo um anjo. Neste momento tenho uma foto sua em minhas mãos. Não posso deixar de me emocionar ao lembrar como era alegre esse menino. Sempre sorridente, andava pela casa com seu polegar na boca e arrastando um cobertorzinho amarelo para onde quer que fosse. Brincava com seus irmãos, com o cachorro, dormia um sono tranqüilo. Eu adorava quando voltava pra casa do trabalho e ele se agarrava em minhas pernas pra eu pegá-lo nos braços. E como eu o beijava e falava palavras de maneira carinhosa, afagando seu rostinho e passando as mãos pelos cachinhos dourados em sua cabeça. Lembro-me dele soltando gritinhos de alegria e balbuciando palavras enquanto tentava aprender a falar. Pra minha alegria, sua primeira palavra pronunciada foi Papai. Também não era pra menos, eu lhe fazia uma saudável lavagem cerebral...

Como foi boa a fase azul. Que bom que eu a vivi e pude desfrutar das alegrias de ter tido o meu menino dos cachinhos dourados. Hoje ainda tenho o menino, já com 18 anos, na verdade um homem, mas não mais os cachinhos dourados. Mas tenho saudade dos três, do garoto de cachinhos dourados, do homem de 18 anos que não está comigo e do pai na fase azul.

Ivan De Lima
Enviado por Ivan De Lima em 11/03/2008
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T896934
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