DOIS CORAÇÕES        
 
 Numa cidadezinha do interior, bem próximo a capital, um dos filhos daquela terra tenta se eleger. Mesmo sem ter o devido conhecimento do que poderia lhes acontecer, e nem mesmo sequer tendo conhecimento daquele atual prefeito, que a todo custo queria se reeleger. E assim o prefeito atual já se dizia ser vencedor por ser bastante abastado e ser conhecedor das necessidades daquele povo que por quase mais de uma década tinha o poder de fazer e acontecer, para tanto era só distribuir algum dinheiro que ali quem aparecesse para competir com ele nem sequer se candidataria para outra eleição.
 
Muito menos aquele pobre homem que por suposto tudo que tinha sempre trazia consigo alguns momentos de inspiração. Portanto para o desprazer do prefeito, que logo ao tomar conhecimento, queria a todo custo lhe prender sem dar qualquer justificação.
 
Pois mesmo assim o coitado em outra ocasião, quando logo chegava ao palco, em vez de falar das acusações que lhes eram feitas, e comentar das arbitrariedades daquele prefeito. Ele já começava, a cantar para alegrar o seu eleitorado, que começavam o seu nome gritar, e dizer em brados altos que ele a partir daquele momento com convicção, se tornaria nas urnas o verdadeiro campeão.
 
Naquilo era uma verdadeira manifestação, ele saia e retornava pra cima do palco, com seus trabalhos versados, aqueles que ele sabia recitar, e de repente, naquele exato instante dilacerava muito daqueles corações. Mas para sua própria alegria, ele nascera com o dom da poesia, e sendo um verdadeiro poeta, num palco improvisado, pressentia que simplesmente seu nome se tornava uma grande festa.
 
E assim o povo manifestava para tantos uma digna predileção, quando em respeito por ele tinham, ao aplaudir o mesmo vozeirão, que realmente cantava e ia de grão em grão ganhando votos diante da oposição, e tirava os votos de cabresto do antigo prefeito se elegendo para ser o prefeito da cidadezinha de dois corações.