Limpeza nas Gavetas... ou na vida?
Comecei a fazer uma limpeza nas gavetas aqui do meu quarto e me impressionei com a quantidade de quinquilharias que guardo. Não falo apenas dos disquetes velhos, ou das canetas bic e caixinhas de coisas, porque isso todo mundo guarda, acho.
Mas encontrei embalagens de produtos do tipo lixas de unha, a caixa do mouse, dezenas de etiquetas recortadas das roupa, sacolinhas de lojas e uma infinidade de papeizinhos e folhetos sem utilidade alguma.
Prometi a mim mesma nunca mais pegar um mísero folheto na rua, nem em consultórios médicos, lojas de celular, nada, nada, nada! Tinha um folheto explicativo, altamente elucidativo, sobre o tratamento da asma com um determinado medicamento. Ocorre que não tenho asma. Nem eu, nem minha mãe, nem ninguém que more comigo. Por que raios peguei aquele folheto no consultório médico? Ou pior, por que eu o guardei por mais de seis meses na gaveta? Não me pergunte, não faço idéia.
Talvez seja reflexo de nossa vida enlouquecida, cada vez mais maluca e corrida, que nos impede de ter papeizinhos realmente úteis para guardar, como uma carta de amor, um bilhete apaixonado, um cartão de agradecimento, um pedido de desculpas escrito em um guardanapo...
Tudo reflete a carência afetiva da nossa sociedade. Vai ver que o folheto do consultório, na verdade, era uma carta de declaração de amor do medicamento a mim, prometendo me livrar de uma crise asmática, caso eu tivesse uma. Talvez meu subconsciente tenha visto assim "alguém se importa comigo".
Cada folder, cada cartãozinho, cada jornal de ofertas de supermercado deixado na caixa de correio, representa o trabalho de diversas pessoas e eu simplesmente não me sinto à vontade para jogar todo esse trabalho, suor, investimento humano e financeiro no lixo.
É uma tarefa árdua. Mexer nas gavetas é como mexer em mim mesma, lá no fundo da alma, nas coisas que guardo, lembranças, sentimentos, momentos passados. De vez em quando devemos fazer isso. Jogar fora os papeizinhos e etiquetas acumuladas, guardar só o estritamente necessário e deixar espaço para coisas novas.