NÃO SE NASCE MULHER: TORNA-SE*.

Simone de Beauvoir*

 

 

                Gosto desta frase da filósofa francesa. Também acredito que a mulher não se define biologicamente. Não somos mulheres apenas porque nascemos fêmeas, do sexo feminino. Mulher é muito mais que isso. Ser mulher transcende a própria existência. A mulher se constrói cotidianamente. Em suas escolhas, suas lutas, suas somas e perdas.

                Tornamo-nos mulheres ao assumirmos nossa feminilidade, sem esquecermos que antes de sermos mulheres somos seres humanos e, portanto, iguais aos nossos semelhantes.  A mulher, como diria Rita Lee, “é um bicho esquisito, todo mês sangra”, tão esquisito que é capaz de gritar com medo de uma barata e enfrentar um leão para defender sua cria, pode chorar horas diante de um espelho, sem saber bem por que e rir escandalosamente daquilo que um dia a fez chorar.

A mulher é antes de tudo uma guerreira, vive vários papéis: mãe, amante, esposa, companheira, filha, avó, amiga, etc., e ainda encontra tempo de ser apenas MULHER. Ela é a dona da casa, a conselheira, a profissional, a intuitiva. Vê o que muitos nem enxergam, escuta longe e sente perto. Por ser assim já foi chamada de bruxa, queimada em fogueiras, pois há na mulher uma magia natural, um saber que não nasce da experimentação, mas da experiência, do dia-a-dia, da observação cuidadosa de tudo que lhe cerca. Cuida das suas crias, de seus amores e suas dores. Sofre calada, ri quando está triste, chora de alegria. Ela é a vida e a morte. A mão que bate, afaga e constrói. É o amor incondicional, a ausência que dói.

Ela tem muitas dentro dela, e é exatamente igual a todos em suas diferenças. Mulher é esse ser mutante, que se constrói e se desfaz a cada instante, mas é sempre igual em sua diversidade. Independente de sua etnia, religião, crença e cultura é ela que gera a vida e perpetua a espécie. Mulher é semente, terreno e semeador da vida. Esse ser múltiplo é tão singular e diverso que outro mais especial não há no universo. Nela a força parece nascer da fraqueza, pois se faz na sensibilidade.

As armas femininas, quando usadas com sabedoria, vencem qualquer obstáculo, a ousadia da mulher está em seu poder de persuadir, em sua voz mansa que convence pela maciez ao falar. Mulher se faz necessária pela força de argumentos, pela grandeza de seus atos. A mulher não é um ser biológico. Mulher é alma. É essência. Porque a ele foi dada a capacidade de gerar não apenas a vida, mas a própria existência.

Por amarmos além dos limites humanos, nos entregarmos aos nossos sonhos com uma ousadia que assusta, por lutar por tudo que acreditamos sem medo de perder, apenas pelo prazer de nos sentirmos vivas. Por não termos medo de chorar as nossas dores, mostrar nossas feridas, limpar nossas lágrimas em público ou pedir socorro quando estamos nos sentindo fracas - somos mulheres porque conhecemos nossos limites e os transformamos em desafios, porque sabemos que tudo que começa um dia termina, mas mesmo assim vivemos como se a eternidade fosse o único tempo possível.

Somo mulheres e estamos na poesia que encanta, na música que embala os sonhos, na literatura que transforma, na guerra, na paz, na medicina, na política, nas fábricas, no comércio, na educação, nos esportes, nas ciências, na história; estamos nos céus, na terra, na água e no ar, mas acima de tudo somos o fogo sagrado que aquece a vida de muitas pessoas.

Que possamos continuar construindo nossa história, sem nos curvarmos as diferenças, e lutando para que nossas companheiras, vítimas de injustiças possam quebrar os grilhões que ceceiam sua liberdade. Lembremos que Eva não tinha nenhum mapa de orientação, nenhum manual, nenhuma seta indicando o caminho correto, nenhuma instrução de como viver e mesmo assim..... Chegamos até aqui.

 

            PARABÉNS  A TODAS AS MULHERES QUE APESAR TUDO CONTINUAM SONHANDO E ACREDITANDO NA VIDA.... E EM ESPECIAL A ESTAS  QUE SEMPRE ESTIVERAM AO MEU LADO - MINHA MÃE E MINHAS IRMÃS. UM BEIJO ESPECIAL AS MULHERES DO RECANTO, AMIGAS E IRMÃS QUE AMO DE PAIXÃO E AS MINHA SOBRINHAS/FILHAS E CUNHADAS.

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 08/03/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T892198
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