DOS REMÉDIOS QUE ESCAPAMOS

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Não posso dizer que a saúde pública em nosso país seja uma verdadeira maravilha. Não é não, nem um pouquinho. No entanto, em relação aos remédios, estamos muito bem; principalmente se levarmos em conta a época em que eles eram tão violentos que ao serem aplicados faziam os enfermos expulsar, juntos com seus urros, a própria doença. Veja você meu amigo, minha amiga, do que escapamos.

Lá pelos idos de 1800 e alguma coisa, e de alguns mil e novecentos, não faltavam médicos ilustres, mas o que prevalecia mesmo era a medicina popular, que tinha como o melhor remédio, as prescrições relacionadas a seguir.

Havia um livro chamado “Erário Mineral”, nascido da cabeça de um médico português com os mais extravagantes conselhos médicos. Assim, para a cura da maleita ele recomendava que se devesse andar com um osso de defunto pendurado no pescoço. Aos bêbados inveterados um ovo de coruja mal assado e vinho misturados a gotas de suor de cavalo. Quanto à calvície tinha uma fórmula infalível: raspar a cabeça, a navalha, cinco vezes e untá-la com sebo de homem esquartejado por um mês; por dois cresceriam cabelos demais, por isso não recomendava.

Além desses conselhos experientes, o povo julgava que fezes de vaca sobre o ferimento estancavam o sangue; as cólicas sumiam quando alguém devorasse três baratas torradas. Que a inflamação da pele em volta da unha se curava, enfiando o dedo enfermo, no anus de uma galinha.

No combate à asma, devia-se comer, com um pouco de açúcar, uma lesma depois de esmagada e fervida; as irritações da vista deveriam ser tratadas por meio de urina humana.

Quem sofresse de epilepsia, precisava beber em seis dias seguidos, uma cachaça onde teriam deixado de molho, durante anos, o umbigo de um recém-nascido.

Para as hemorroidas, existia um eficaz tratamento, embora doloroso: enfiava-se pelo anus adentro trapos de panos embebidos em suco de limão e misturados com pimenta, aguardente e pólvora... Salve-se; quem puder!

Para dor de ouvido, pó de chocalho de cascavel. Enfermidades no peito, sangue de gato preto ou testículos de porco. Inflamação na gengiva, crista de galo, após ser extirpada do galináceo vivo. Para feridas brabas, aplicar sobre elas um sapo aberto no meio.

Chá de grilo para icterícia, chá de coco de cachorro para sarampo, chá de penas de urubu para hidrofobia, chá de saco de bode para dores nos rins...

Que abundância de remédios!

Ainda bem que eles ficaram no passado, é ou Noé?! ®Sérgio.

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquercomentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 07/03/2008
Reeditado em 06/06/2013
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