Vida Indiferente
Ela vivia totalmente indiferente das coisas que a rodeavam. Maria Aparecida, 78 anos, vitima de uma doença que acabaria com sua vida. Na sua juventude era determinado indomável, casara-se mais por necessidade de constituir família que por amor. Os longos anos de convivência e filhos a fez sentir um pouco de amor pelo homem que a idolatrava, Orlando Dias, seu marido parecia um eterno apaixonado pela ousadia da figura feminina, Dias passava horas observando sua mulher com orgulho e admiração - oito filhos foi o resultado de um casal comum, anos mais tarde, porém, Orlando Dias se apaixonou perdidamente por Clemência , a novidade trouxe-lhe consigo um desdém por Maria, já velha e quase imperceptível. Orlando passou a freqüentar cada vez menos a sua casa, seus filhos e principalmente, sua mulher, (em seu leito de morte). Maria, por sua vez, se sofreu foi apenas pela sensação (ainda que remota) de abandono e indiferença. Já não se lembrava do seu passado e da vidinha tão cotidiana que tivera. Estava inativa, no ócio, sem lembranças e sem marido.Apenas cinco filhos lhe restaram da cria, os outros três foram mortos no mesmo ano em meses consecutivos, decorrente de uma doença crônica pavorosa. Dos cinco filhos apenas dois faziam-se lembra da mãe. Uma pessoa simples, sem qualquer vaidade, de uma personalidade forte e intocável. Era assim... Maria aparecida morreu em setembro, apenas morreu, por que estava apenas viva. Mas sua historia nunca mais foi lembrada. Porque não deixou historia. Apenas viveu e morreu.
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