A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR

A PERGUNTA NÃO QUER CALAR

Chega o fim do ano. É hora de todos os assalariados receberem o décimo terceiro salário. Até aí tudo bem. Que bom ter um dinheiro extra! Que bom sair do aperto causado pelo ganho insuficiente da absoluta maioria para fazer frente às despesas necessárias a uma vida digna!

O que não causa espanto é a presteza com que as lojas se organizam para receberem a maior fatia desse recurso especial que entra em circulação. Até aí tudo bem. O espanto deveria ser de quem é para ser o verdadeiro beneficiado. É uma pena que tantos perdem a noção do valor do dinheiro e não param enquanto não gastaram o último centavo extra. É uma pena que tão poucos guardam pelo menos um tanto para não entrarem em crise nos primeiros dias do novo ano. Também os apelos do comércio são quase irresistíveis.

Ainda seria bom receber o “décimo” como o salário é chamado pelo povo, não fossem outros gargalos prontos a engoli-lo. Você nem recebeu ainda e já sabe que é convidado a pagar o IPVA com bons descontos. Se descuida um pouco o IPTU também pinta na parada. Parecem gaviões pairando sobre você para abocanhar os pássaros de seus sonhos de calmaria. Se gastar tudo em compras acaba parcelando esses impostos abdicando dos descontos que são tão grandes que teria de deixar o dinheiro vários anos na poupança para ter tal ganho financeiro.

Sabemos que devemos pagar os impostos devidos. Até aí tudo bem. Mas que deveríamos ter estradas boas à disposição para viajar nas férias, isso deveria ser a contrapartida de quem recebe nosso dinheiro. Fico estarrecido diante das cifras que o governo arrecada e pergunto: qual o destino de todo esse dinheiro?