Minha Princesa

E ela acordou, chamou pelo pai, correu ao seu encontro e nem viu -me fingindo adormecida. Eu simplesmente sorri vendo tamanha felicidade e sabendo também fazer parte dela. Vê-los tão felizes deixava-me ainda mais cheia de vida e com um coração estufado dentro do peito, tamanha felicidade.

Então eles entreolharam-se e em uníssono, disseram um sonoro bom dia.

Uma borboleta, talvez um beija flor,quem sabe chuva, sol, inverno ou verão,noite ou dia, um rouxinol, um sabiá, um pássaro bem-te-vi ;ainda não sei explicar. Só sei que é muito bom de sentir.

Ela é pura fantasia, alegria, luz do meu dia. Vê-la correr pela casa, transporta-me para um mundo mágico onde ela é a minha princesa, como nos contos de fadas que ouvia quando criança, mas um conto de fada com uma história sempre feliz, não apenas um final feliz.

Quando ela faz pirraça, fico sem graça, chateada, viro o rosto para que ela não me veja sorrir, ela bate o pé, resmuga, sabe que esta é a foma mágica para conseguir o que quer. Fico tranquila, faço que não percebo, então ela corre ao meu encontro, agarra nas minhas pernas e pede colo com lágrimas nos olhos. Então neste momento, passo a despir-me de mãe e vestir-me de amiguinha, brincamos a tarde toda, e quando o sono vem, dormimos no tapete da sala em meio aos tantos brinquedos espalhados pelo chão, e somos felizes.

Ao acordar, percebo a bagunça e rio sozinha vendo-a continuar dormindo. Pela casa, espahados, encontram-se os mais variados brinquedos. Uma caixa de lápis de cor e outra de cera, já todos quebrados. Estes são os responsáveis pelas obras de artes espalhadas pelas paredes da sala, nosso cartão de visitas. No outro canto da sala, uma cozinha improvisada, com um fogãozinho cheio de panelas, pratos e copos, uma refeição parece ter acabado de ser servida. De repente, algo parece grudar nos meus pés, ao observar, percebo que vários pedaços de massa de modelar encontram-se espalhados por todos os cantos. Uma bola, uma boneca, um caderno, papéis picados, sementes, um copo de suco, agora largado ao tempo como sem utilidade alguma. Quando estou por terminar a arrumação, ela vira-se e me olha, sorri e corre ao meu encontro, pede-me para "naná" com ela.

Deito-me novamente, ela então agarra-me pelo pescoço, abraça uma boneca encardida e já desbotada pelo tempo com o outro braço e em poucos minutos adormecemo novamente.

Então sonho com a felicidade de tê-la comigo e quando acordamos outra vez estamos juntas, ela pergunta pelo pai, digo que ele chega logo e ela fica ansiosa. Sei que quando o pai chegar, será só dela, e ela será só dele. Ele irá ler historinhas para ela, vão assistir na tv o pica-pau, vão espalhar novamente pela casa, todos os brinquedos, guardados por mim horas atrás, vão brincar e eu vou ficar de espectadora, mas uma espectadora muito feliz com a programação que assiste.

Ela diz que ele é o rei, que eu sou a rainha e que ela é a princesa. Enquanto eu escrevo eles estão atentos. De repente um silêncio, ela pede " fuco" que o pai atende prontamentem trazendo-lhe um copo de "suco", ele sabe que ela logo adormecerá. Então depois de bocejar um pouco ela pede que ele conte uma história. Novamente percebo um silêncio, nenhum movimento, nenhum barulho de brinquedos sendo espalhados pela casa;não ouço o som da voz a contar-lhe história.

Levanto-me e vou observar o que acontece, ou o que não acontece, noto então que ambos adormeceram, no mesmo chão que a tarde dormíamos juntas. Percebendo a minha presença ele levanta-se a pega no colo e a carrega para o quarto cor-de-rosa, tão lindamente decorado para nossa princesa.

Mais uma vez é noite em nosso castelo, nossa princesinha agora encontra-se adormecida, logo também iremos dormir e aguardar muito felizes que amanhã recomece tudo de novo.

Beartiz