Do rio Amazonas ao sorriso de Angelina

Na correria do dia-a-dia, muitas vezes, saímos de casa com o dia amanhecendo e voltamos já tarde da noite. Exaustos, não queremos saber de mais nada. A cama é o nosso refúgio tão merecido. Mas, apesar das recomendações médicas, dormimos bem menos do que precisamos. Mesmo pouco, uma boa noite de sono é tudo de bom! Porém, no meu caso, nunca é o suficiente. Eu quero sempre dormir mais! Quando o infame despertador toca, é uma lástima! Desperto do maravilhoso mundo dos sonhos para a dureza da realidade sem fantasia.

Uma boa noite de sonhos pode superar uma vida inteira de realidade. O sonho é infinito. Nele, tudo é possível. Assim, do nada, me encontro conversando com meu avô já falecido, falando de futebol. Ele está sorridente, sua cor é boa e aparenta boa saúde. Conversamos alegremente. De repente, sou acordado por um pernilongo insistente. Cadê meu avô? Cadê meu avô? Procuro em vão. Ele faz parte do mundo de meus sonhos. Volto a dormir na firme esperança de voltar a conversa com meu avô. Nada. Sou transferido para outro mundo imaginário, mas agora na categoria dos horríveis pesadelos. Estou num pequeno barco, acompanhado de um antigo amigo da faculdade que não vejo há tempos. Estamos no meio do Rio Amazonas, que eu não conheço pessoalmente, enfrentando uma grande turbulência. Peixes enormes pulam por cima de nosso modesto barco. O grande rio está muito agitado, vem vindo um temporal. Estamos sem controle e, logo à frente, aproxima-se uma gigantesca queda d’água. O desespero é total! Vamos em grande velocidade ao encontro da morte...

Sou acordado por um barulho lá fora. Felizmente! Estou suado, cansado e com a camisa molhada. Saio da cama e vou tomar um copo d’água. Cadê meu amigo da faculdade? Sumiu nas águas imaginárias! Felizmente, ainda são três horas. Vou dormir com a expectativa de que o pesadelo não volte. Voltou. Agora, o pequeno barco começa a vazar e somos atacados por jacarés famintos. Não sabemos o que fazer. No desespero, meu amigo cai na água e é atacado pelos jacarés. Eu continuo lutando contra o buraco que insiste em aumentar. A situação é desesperadora! Sou acordado novamente por um pernilongo. Bendito pernilongo! Nunca antes fiquei tão feliz em ver um pernilongo! Nada de jacarés, ainda bem! Mudo de posição na cama, pra tentar esquecer o pesadelo. Funciona. Em minutos, já estou noutra fantasia, visitando o Cristo Redentor, na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. O céu está azul e tudo é lindo demais! Estou só e tiro fotos distraidamente. De repente, sou abordado por ela. Não...vocês não vão acreditar! Toca o meu ombro com dedos longos e delicados e me pede ajuda pra tirar algumas fotos. Fico sem voz. Diante de mim: Angelina Jolie e aquela sua boca, digamos, assim, irrecusável... Ela está só. Começamos a conversar. Não me pergunte como, pois eu não sei falar inglês. Talvez, ela saiba falar português! Sua simpatia para com este pobre e medíocre sulamericano é impressionante. Ela gosta de fazer caridade, pensei! Ainda bem! Conversamos sobre tudo: literatura, cinema, política, futebol. Até mesmo futebol! E ela é torcedora fanática do Flamengo! Ela, então, me convida para lhe fazer companhia pela cidade. Eu aceito, é claro! Agora, estamos num sofisticado restaurante de Copacabana. É difícil de acreditar, mas ninguém reconhece a Angel! Com o avançar da conversa, ganho intimidade! O clima é de romance... Toca o despertador...

Não vou dizer pra vocês com que cara olhei pro despertador! Tem coisas que as palavras não conseguem expressar! Talvez, seja melhor assim! Normalmente, me levanto de mau humor. Eu sempre quero dormir um pouco mais. É bastante recomendável, inclusive, não conversar comigo na primeira hora do dia. Porém, neste dia, passado o susto inicial, achei melhor recordar meus belos sonhos. Tive até sorte, pois tem dia que a gente acorda de uma noite de sonhos e só se lembra dos pesadelos. Hoje, não! Estou me lembrando perfeitamente dos sonhos! É tão bom rever o meu avô, com um sorriso no rosto! Os olhos e a boca de Angelina, então! Ah, não vou nem contar os detalhes! Passarei o dia com um sorriso maroto nos lábios. Se alguém me perguntar pelo sorriso, desconverso. Ninguém vai acreditar mesmo...