CONFLITOS E RELAÇÕES

Entende-se que pessoas que vivem num grupo determinado e voltado para os dogmas cristãos – convivendo em grupos religiosos – são pessoas fraternais e atenciosas cujas relações humanas convergem para um entendimento fraternal e atencioso a ponto de esquecerem das pecuinhas normais num convívio social. Digo isso, porque pequenos problemas existenciais ou relativos a uma demanda de princípios não pode ser maior que a crença e a fé em Deus, pois esses grupos são caminhos para se chegar ao fim – que á religiosidade e o amor ao próximo.

Tenho deparado com exemplos que não posso entender, porque evidenciados dentro desses grupos que devem ter como paradigma uma conduta exemplar, para transmitir por seus próprios atos uma prática compatível com a conduta doutrinária que pregam. Ledo engano, muitas das vezes nada disso ocorre, pois a convivência dentro desses grupos é um tanto quanto conturbada, quando ocorrem os problemas de toda ordem e quando surgem os conflitos nas relações que permeiam a existência das pessoas no do seu mundo social.

Um dos exemplos que vou citar diz respeito à crença na espiritualidade. Tenho observado com certa surpresa que as pessoas tem buscado no mundo da metafísica a solução para seus problemas relativos ao corpo humano. Explico: são inúmeras as pessoas que fazem operações nos centros espíritas, procurando uma solução para o corpo através de cirurgias que fogem ao mundo dos vivos, pois quem atende – como expert – são as entidades espíritas do mundo além-vida, cujos resultados são incomensuráveis, eis que são inúmeras as pessoas que citam exemplos de que as operações foram um sucesso e o mal reparado. Por conta disso, minha mulher que passou recentemente por uma cirurgia dessa natureza tem relatado algumas situações que me deixam perplexo, ante a falta de responsabilidade das pessoas quando observada a contrapartida relativa ao bem que recebem. Como o local é bem simples e a procura tem sido muito grande, o conglomerado de pessoas tem causado problemas para os administradores e colaboradores voluntários que realizam a tarefa no mundo dos vivos. Assim, não é raro deparar com pessoas furando filas, tentando dar um jeitinho para burlar a ordem de atendimento etc. etc. Veja a contradição. Como uma pessoa poderá alcançar um benção vinda do mundo metafísico, quando não possuem merecimento no mundo dos vivos? As pessoas atropelam até as forças ocultas, para alcançar algo que desejam. Isso para mim é um absurdo.

Outro exemplo vem de uma reclamação feita por meu próprio pai com relação à comunidade de devotos de uma igreja construída no seu lugarejo rural, instalado há alguns quilômetros da Capital de meu Estado (Campo Grande-MS). Meu pai não mediu esforços para construir a dita igreja. Ele próprio assumiu a construção, trabalhou de sol a sol para edificar a capela da comunidade. No entanto, agora, depois de passados alguns anos e tudo estar devidamente instalado, a comunidade começou a brigar para assumir a diretoria, porque souberam que o caixa está positivo. Outro absurdo, porque estão esquecendo que por traz daquela igreja existe Deus. Não há como associar – a meu ver – a crença e a pregação de uma igreja, com discórdias em torno do vil metal.

Não faltam outros exemplos, como um grupo de religiosos que costumam reunir-se depois das orações para jogar futebol. Durante a partida muitos deles não se respeitam, xingam, brigam, menosprezam, desvalorizam etc. etc. Mais um absurdo, pois a prática deve corresponder integralmente à teoria. Não acredito que mereçam a benção celestial as pessoas que pregam algo, mas que desejam muito mais do que a eloqüência do bom discurso.

Acredito que os conflitos nas relações são normais quando não envolvam a ganância e o apego radical aos bens materiais, denotando que estes se constituem em valores mais acentuados de que a própria regra da convivência que exige harmonia perante a sociedade.

Não sou pregador e nem aspiro posição melhor que a minha, com a qual estou muito satisfeito porque conquistada pelo meu próprio esforço. Mas penso que nosso mundo precisa de pessoas menos egoístas que não sejam hipócritas a ponto de falar algo bondoso dentro de uma igreja e logo na esquina, fora do templo, atirar pedra na prostituta que muitas vezes é obrigada a “fazer ponto” para levar a comida para os filhos. Todos devem ser respeitados nos limites de sua sobrevivência. Quem é rico deve procurar não fazer do dinheiro uma escravidão e sempre que puder ajudar a quem precisa. Quem é pobre deve conformar-se com seu calvário, agindo sempre com lealdade para com o semelhante, até porque nosso Salvador (Jesus Cristo) teve um vida de pobre enquanto esteve conosco.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 05/03/2008
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