Passo Alegre
Queria uma programação diferente para o final de semana, queria um passeio que me permitisse entrar em contato com a Natureza. Pesquisei em alguns sites, o destino provavelmente seria a serra gaúcha. Encontrei várias opções, mas a que mais me agradou foi uma fazenda em São Francisco de Paula, onde os visitantes podem praticar ecoturismo a cavalo.
Malas no carro, estamos prontos, seguimos para “São Chico”. Faremos um passeio de três horas no meio da mata, cavalgando um legítimo “4X4”.
Chegando à porteira, uma saudação típica, “Tchê, sejam bem-vindos!”, recepciona os eco-aventureiros. Seguimos a estradinha de chão batido onde provavelmente ainda passa carroça puxada a boi. Capim alto no meio da trilha, sulcos das rodas nas laterais. Quando o carro passa roça o fundo no capim e faz um barulho gostoso, que só ouvimos nestes lugares. Natureza para todos os lados, a fazenda é enorme, para qualquer canto que olhasse via o verde a perder de vista. Aquele cheiro gostoso de campo nos remete a lembranças da infância.
Montados nos cavalos, o passeio vai começar, o trajeto é longo e muito bonito, o vento bate de leve no rosto, o sol brilha e torna tudo ainda mais belo. Os cavalos treinados já conhecem o caminho, um cachorrinho “vira-latas” nos acompanha por todo o percurso. Parada para descanso, em um galpão à beira do rio, os peões que nos guiam fazem o chimarrão, assam pinhão na chapa e salsichão com pão. “Mas bá tchê”! O pinhão foi uma novidade, realmente uma delícia.
Em nosso dia-a-dia agitado, estamos sempre entre quatro paredes, presos no trabalho ou mesmo em casa. Esse contato com a Natureza nos permite uma liberdade gostosa, perdidos no meio do nada, ou melhor, no meio de tudo, pois é lá que conseguimos sentir que fazemos parte de algo maior. Estamos sempre em busca do “ouro”, que está muito mais perto do que imaginamos.
Uma busca que muitas vezes nos cega, nos impossibilita ver as coisas mais óbvias. Aquele passeio me renovou, me senti livre; tipo de coisa simples que nos agrada, a felicidade não é complicada, mas fazemos com que seja. Tantas necessidades a serem sanadas, roupas, eletrônicos, automóveis, imóveis; associamos felicidade a isso. Malditas necessidades infinitas e recursos escassos, recordando minhas aulas de Economia.
Estamos sempre pensando algo do tipo “serei feliz quando tiver minha casa”, “serei feliz quando tiver meu carro”. Não dizemos, “serei feliz quando estiver em meio à Natureza”, que não nos custa nada, sai de graça, está aí, é só usufruir. Há pessoas que já descobriram seus lugares especiais, e não precisa ser um sítio ou chácara, pode ser um jardim no cantinho, uma floreira na sacada, não importa; façam o convite dizendo “venha conhecer meu pedacinho de Natureza”.
Um dia quero ter meu pedacinho de Natureza, um lugar especial, que eu possa compartilhar com todas as pessoas que fazem parte de minha vida.
E você, já descobriu o seu pedacinho de Natureza?