O HOMEM DA CRUZ

O HOMEM DA CRUZ

Desci a ladeira dos séculos, a escada do tempo e me vi na Galiléia; lá corriam os boatos sobre um homem que assombrava multidões, com seus milagres e pela forma simples e clara de apresentar ao povo a instalação de um novo Reino para os seres humanos.

Se por um lado muitos elogiavam e admiravam a figura desse homem justo, não é menos verdade que outros o criticavam, com as afirmações de que se tratava de um enganador do povo, um subversivo, blasfemo e malfeitor.

Pude ver a alegria daquela gente que de palmas e ramos de oliveira aclamavam aquele varão sério e compenetrado que ali se apresentava, montado num jumento e com aparência e postura de um verdadeiro Rei. O alarido era tão grande que não consegui ouvir as vozes dos discordantes; poder-se-ia dizer que o alarido era quase que ensurdecedor.

Qual não foi a minha surpresa, ao saber, dias depois que Aquele homem havia sido preso e passaria pela rua onde me achava, ma caminho do monte Calvário! Se não me tivessem dito, por certo eu não o reconheceria, pois Aquele homem, outrora comentado e badalado, agora se apresentava humilhado pela massa humana que O seguia e O maltratava. Quem poderia imaginar que uma multidão que dias antes cantava “Hosana ao Filho de Davi”, agora viesse aplaudir o suplício Daquele que antes glorificava!

Passou por mim o Homem e sua cruz, sua mãe e várias mulheres, o cirineu que O ajudava a carregar a cruz, os soldados e o povo, e, ninguém, nem mesmo eu nos colocamos em defesa do Homem das dores.

Por fim vi o homem chamado Jesus Nazareno suspenso numa cruz, a mesma que Ele levava, entre dois ladrões, a pedir a Deus perdão para todos nós que ali estávamos.

Quando Ele expirou e o céu se cobriu de trevas ficamos amedrontados e tristes, eu e os outros e achei uma atitude deveras corajosa a do Centurião ao reconhecer que aquele homem era o Filho de Deus.

Vi quando colocaram o homem chamado Jesus no sepulcro e vi também a preocupação dos judeus e romanos em guardarem o túmulo de Jesus. Muitos, e inclusive eu achamos que o Homem estava desacreditado, pois se deixou prender, ser açoitado, maltratado e ser morto. Ouvi dizer que prometera ressuscitar.

Amanhecia o dia de domingo e a notícia estourou como bomba, Jesus havia ressuscitado como prometera, o sepulcro estava vazio e Ele tinha aparecido para muitos. Os sacerdotes, fariseus, escribas e autoridades se preocuparam em espalhar uma contra notícia de que o corpo de Jesus havia sido roubado pelos seus amigos.

Acompanhei a notícia e vi que ela subiu as escadas do tempo, a ladeira dos séculos e chegou até nós, tão real como acontecera. Os judeus e muitos outros, através dos tempos, tentaram tirar o mérito da ressurreição de Jesus, mas nem judeus, reis, imperadores, títeres, fascismo, nazismo, capitalismo e comunismo conseguiram impedir que a figura e a mensagem do Crucificado chegasse até o nosso tempo e nos trouxesse a mensagem de paz e esperança que só o Homem da cruz pode dar, pois através de seu sacrifício mereceu por nós, por todo o gênero humano e reparou perante Deus Pai o pecado da criatura humana.

JOSE BENEDETTI NETTO

jose benedetti netto
Enviado por jose benedetti netto em 03/03/2008
Código do texto: T886021