A minha doce e bucólica infância

A MINHA BUCÓLICA INFÂNCIA

Ah! Minha doce e bucólica infância!

Quanta saudade, e são muito grandes as lembranças que trago no lugar reservado do meu coração, no meu baú de reminiscências que, quando os remexo lágrimas sentidas afloram dos meus olhos.

Parece que ainda te vejo OH casarão onde nasci, onde passei todos os anos dourados da minha vida e até minha saudável maturidade e quando, num 31/12 foi celebrado lá, meu casamento.

Estava ladeado por outros casarões, que hoje não existem mais, onde foram construídos enormes edifícios de apartamentos, mas graças a um dos parentes da família João Fedrigo e Marietta Fedrigo construtores da belíssima vivenda, foi tombado e permanece como ele era, embelezando a esquina da Praça Benjamim Constant e Rua Vicor Konder um, em Florianópolis, minha saudosa terra natal.

Vivíamos bucolicamente na cidade, a 15 minutos do centro, pois o quintal tinha de tudo.

No pomar contávamos com pessegueiros, amoreiras, abacateiros, bananeiras, e até uma parreira de uvas, que ainda sinto o sabor doce das uvas maduras.

Tínhamos em nosso galinheiro de tudo: gansos, marrecos, galinhas perus que pacificamente conviviam e quando nova ninhada nascia, era a alegria de todos. Lembro-me bem dos três patinhos que quando se recolhiam sob a plumagem da mãe pata, com os biquinhos de fora, deixavam-me encantada, entretanto fiquei frustrada, pois sabia como se recolhiam ao anoitecer, mas nunca os vi acordando ao alvorecer.

Nossa horta tinha de tudo.Canteiros de alface, couve, rabanetes, tomates seguros por estacas, e os pés de morango que eram cuidadosamente cuidados e que estávamos proibidos de apanhá-los às escondidas. E até hoje sinto o sabor doce daqueles roubados, e esqueci os puxões de orelhas levados...

O belíssimo jardim, com palmeiras, rosas, margaridas, amor perfeito davam um toque mágico ao lado do casarão, infelizmente, hoje não mais existe, pois só o casarão sobreviveu. Pois foi construído no espaço do pomar, jardim, horta um edifício para salas, felizmente de rara beleza que valorizou mais ainda o casarão, que foi transformado pela Firma Construtora, Cota Empreendimentos( Sr.Jaci) no escritório da firma.

Na vida tudo muda, tudo se transforma.

A população aumenta vertiginosamente, e vai diminuindo o espaço livre que cada um pode ocupar.

Casarões são demolidos e constroem-se arranha céus onde podem se acomodar centenas de famílias.

Nossos netos já nasceram em outra época. Moram em apartamentos, jogam vídeo games, acessam a Internet. Convivem com o corre-corre diário, seqüestros, violência.

Dificilmente ficam em parques, quintais, nunca subiram em árvores, nunca apanharam chuvas e nunca vieram a pé do colégio, e em dia de uma chuva passageira, que faz corredeiras no fio da calçada, nunca construíram seus barquinhos com folhas de cadernos e viram-nos deslizando como se fossem barquinhos de verdade, levando toda a beleza do mundo.

Cada um vive seu tempo. Não sou mais feliz por ter sido minha infância bucolicamente vivida, eles também terão suas reminiscências e serão lembradas, da mesma maneira como eu lembro das minhas.

Saberão contar aos seus sucessores, suas alegrias, tristezas, peraltices, sonhos e pesadelos como aconteceram no decorrer da história da vida.

Curitiba, 3/3/2208.

Dinah Lunardelli Salomon

Hanid
Enviado por Hanid em 02/03/2008
Código do texto: T884626
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