Meu dimenidrinato.
Meu dimenidrinato.
Tenho vivido uma fase hedonista em minha vida. Quando já se vai dos 40 para os 50 dá nisso. Sei que não é com todo mundo, mas comigo tem sido assim. Já li muitas bulas no banheiro, mas hoje, longe da melancolia – e, nada da melancolia tem a ver com bulas – vivo quanto posso o hedonismo e uma eterna cultura por caixinhas de remédio. Me parece, não lembro bem, que namorei duas estudantes de farmácia, mas casei com uma fisioterapeuta que é contrária aos medicamentos. Vasodilatadores e anti-arrítmicos para a hipertensão, indutores do sono, anti-inflamatórios , pílulas azuis - da moda - , pílulas verdes, pílulas azuis na versão branca, a preço de banana, que não conto pra ninguém nem sob tortura, e muito, muito colírio.
Minha mais recente caixinha de minha farmacinha é o dimenidrinato. Baratíssimo e muito eficaz para enjôos e náuseas, que tem me perseguido. Disponho sempre de uma poupançinha de 50 reais para uma consulta médica. Não lembro quando fui ao médico pela última vez. Preciso lavar os ouvidos – para ouvir bem - , mas tenho medo que esses caras falem em próstata. Se eu acreditasse em lobisomem ao meio-dia, já teria gasto os 50 reais e solicitado uma receita de algum medicamento contra o transtorno do medo. Mas não acredito em lobisomem ao meio-dia, por isso quando ando à noite tenho dez olhos. Meu medo é o mesmo que o seu. É instintivo, defensivo.
Durante o dia, sem medo..., nem de lobisomens nem de fantasmas.
Quero voltar ao dimenidrinato. Que nome chato . Meu enjôo não é patológico, não se dá à altura do estômago ou do esôfago. É um enjôo mental, uma náusea que ataca a garganta e o intestino cerebral. Por nada disso existir, é para imaginar como é deletério para quem anda preocupado com o excesso de dólares que a China detém em seus cofres. Já viram tudo, não é mesmo...? Minha náuseua vem da catilinária de meus novos inimigos-quase declarados. Conto nos dedos de uma só mão os amigos que tenho. São os mesmos de 30 anos atrás e pretendo conserva-los até que se comportem como tal.
Para resumir e não emendar nenhum ajuste de cunho antropológico, repito o que sempre digo em meus escritos: é tudo mentira..., tudo uma grande mentira...
Como aqui mesmo já me declarei Soldista, o que é bastante óbvio, sinto que precisamos trabalhar nos excessos de reflexão. Os nossos e os dos outros. Os outros que digo não são os que me perseguem. Dali não sai nada. Os outros são os outros. Que se manifestem. Ao vivo ou por escrito. Estamos para ouvir. Queremos idéias. Me proponho a isso, e depois levo ao Solda ( o Solda é o Vicente Solda... ) .
Refletir não mais. Não gosto dessa palavra. Me cheira a coisa de teólogo. Bem que quereríamos por aqui Dom Mauro Morelli, por quem me apaixonei há pouco tempo. Mas, sem reflexões. Precisamos é de trabalho.
Preciso de um contraponto de que para mim o quadro urbano de Rio Azul se estendeu demais e os braços do Prefeito já não alcançam mais. Nem do Prefeito, nem da Prefeitura. Embora sobrem automóveis chapa branca, mas é hora de economizar. Bem, o que não tem cura já está remediado.
Um exemplo: estão construindo um prédio na parte alta da cidade para atender exclusivamente as mulheres gestantes e para prestar exames preventivos da mulher. Coitadinhas das nossas mulheres interioranas barrigudas que terão de subir aquele calçamento irregular, sujeitas a pedirem primeiro socorro por uma torção de tornozelo. Alternativa desmedida. Desmedida porque não é com eles. Não somos uma megalópole, precisamos concentrar os serviços. Procurem no dicionário a palavra concentrar. Uma pista: é um verbo.
Essa descentralização vai gerar mais custos para o Município, quando se poderia prestar o mesmo serviço no Posto de Saúde.
De resto, o resto é resto. Algumas reformas, algumas maquiagens.
A Rua XV já foi pauta de minhas reivindicações bem antes do pessoal de agora ascender ao mando. E tem gente maldosa que diz que o Prefeito está asfaltando para uso próprio. Aí já é maldade demais. Primo pelo respeito pessoal ao Prefeito. E ele sabe disso. Não devo nada para ele e ele não deve nada para mim. Devo-lhe sim o mérito de me trazer ao mundo meus filhos e de me aliviar de muitas dores de coluna. Sei que sua inteligência captura bem as críticas, pois sabe ele que todo homem público expõe-se e deve absorver a palavra contrária. De cocheira sei que ele nunca teve a convicção de estar onde está. E muitos clamam por sua volta ao consultório. Mesmo com uma visibilidade um pouco maior no último ano, perdeu-se nas alianças. Confiou nos vereadores, que estes sim, sempre precisam de um cacique político. Foi um arremedo de acordo que não lhe garantiu nada. Tem luz própria como homem, como médico, uma ascendência indiscutível sobre seus pacientes e clientes. Quando se viu de frente com o destemperado Requião ficou ainda mais desamparado. Participou de uma cisão e perdeu muito. Sobrou-lhe por fim como sustentáculo os antigos adversários totalmente desarticulados. E ali estabeleceu-se de uma vez a confusão generalizada. As más línguas chegam a dizer que lhe roubaram até mesmo o gabinete de onde despacha. O povo não só não entendeu como não gostou. E quem gostou foi o Solda ( o Solda é o Vicente Solda ) .
Mas, voltando ao dimenidrinato, do qual me forneço nas farmácias locais, já avisei-os de uma prevenção de estoques. Depois das eleições, seja qual for o resultado, partirei certamente para um laxante que desintoxique meu intestino cerebral. Mas, agora, é encarar o nojo. Estou meio Goliadkin, de uma novela dostoievskiana, vendo meus novos inimigos por toda a parte. Parece que os vejo todos os dias. De manhã, à tarde e variavelmente à noite. Alguns deles dissimulam bem, outros não sustentam o olhar por 5 segundos. Eles estão misturados e tentam enganar, como alguém que nunca viu um jogo de xadrez. São várias peças, tem vários tentáculos. O nosso Prefeito não merece isso. Talvez ele saiba, mas não acredito que apóie. Não é da índole dele, até onde o conheço. O rótulo que os autores do 11 de setembro ganharam da mídia americana à época, é a mesma que agora posso empregar para comigo e essa questão. Luto contra o inimigo oculto. O terrorismo foi chamado de `` o inimigo oculto `` , o mais temido de todos. Eu não sei jogar xadrez, mas comprei um tabuleiro, e juro, nem sei quantas peças possuem esse tabuleiro. Os dispus todos, os de um jogador e os do adversário, para poder ganhar mais totenzinhos, à medida que o número dos meus supostos inimigos-quase-declarados compõem uma lista não pequena. Veja que brincadeira. Por sorte, contados os supostos inimigos, sobraram 3 totenzinhos, mas eu trouxe de volta ao tabuleiro um deles, de forma que sobraram dois, que tratei de jogá-los num canto. Esse totenzinho que trouxe de volta ao tabuleiro não sou eu, não. É um novo personagem da trama. Transformei um jogo de xadrez numa trama. O novo personagem da trama, agora, é oculto para meus inimigos, não para mim. Mas, claro, não vou falar dele. É meu amigo e eu o oculto.
Com licença..., vou tomar meu dimenidrinato.
Teobaldo Mesquita