DOS BOATOS E FOFOCAS.
Ante a boatos, é fundamental que se busque a dimensão da ausência. Como nos ensina mestra Eni P. Orlandi, “toda língua está necessariamente em relação com o não-lá, com o não-mais-lá, com o ainda-não-lá e com o jamais –lá da percepção imediata”. De modo que o problema dos SENTIDOS é um desafio e tanto. Ai daquele que não procura entender a constituição, a formulação e, sobretudo, a circulação de boatos, de fofocas.
Esses fenômenos, aqui, parafraseando Gabriel Naudé, têm cinco regrinhas norteadoras:1) trapacear; 2) é preciso simular algum proveito público; 3) não deve ser feito apressadamente; 4) atacar as partes frágeis do inimigo, 5) agir sempre com hipocrisia. Destarte, impera uma espécie de vale tudo para derruir o oponente.
No reino boateiro e fofoqueiro, ao menos dois ângulos de uma política do silêncio se fazem presentes. De um lado, temos o “Silêncio Constitutivo” caracterizado na trambicagem linguageira em que o sujeito, para dizer, apaga, adrede, outros sentidos. Do outro, há o “Silêncio Local ou Censura”, em síntese, é o que não se pode dizer de forma alguma.
Um boato ou fofoca “é um modo de dizer em que há sempre uma diferença a significar, um ruído (protesto, ou falta de verdade)”. Portanto, a relação palavra/silêncio é fundamental, pois nisso residem opções do dizer. Na expressão inteligente de Orlandi, “o boato é um estado pleno de silêncios”.
Que tenhamos Sabedoria, Serenidade e Humildade para analisar o que estamos fazendo e o que pretendemos fazer sem nos arrastarmos por entre boatos, fofocas e futricas.