Cadê o valor humano?
Hoje um homem se foi. De manha ele acordava e saia para trabalhar, era um homem comum, com um emprego comum, com uma família comum, um homem do povo, um militar, um soldado como todos os soldados, cheio de sonhos, cheio de expectativas, cheio de esperanças. Lembro que estávamos em uma missão no Estado Rio Grande do Sul, eu me machuquei, ele não me abandonou em um minuto, aliás tivemos que nos movimentar no terreno e ele me carregou nas costas.
De manha quando ele foi pegar o ônibus, em São Gonçalo, este soldado da Marinha foi assaltado, ele não reagiu ao assalto, mas quando o assaltante viu sua identidade não quis nem saber se ele era pai de família ou não, e o matou covardemente com um tiro na testa.
Ele deixa mãe, pai, filho e esposa, não vai ter bandeira a meio mastro, pois ele nunca foi um político, o almirante não vai a sua cerimônia de enterro, afinal é apenas um homem comum, na visão do Estado é apenas uma peça e pode ser substituído. Logo haverá outro em seu lugar.
A engrenagem continua, sua esposa e filhos continuam, a sessão onde ele trabalhava continua, o homem que o matou continua, a saudade que está no peito de todos nós continua, mas o pior de tudo e saber que o valor do ser humano continua zero.