E no final da história, nossa vida não valeu a pena??
Foi fazer uma deliciosa cuca de uvas. A parreira estava cheia de cachos rosados.
Nossa como nasce uva nesta parreira! È só uma parreirinha nos fundos da casa, entre a jabuticabeira e o pé de laranjas de umbigo. Mas ela pensa que tem obrigação de oferecer uvas para um vinhedo da serra, e se comporta desta maneira exagerada fabricando uvas para o ano todo. O problema é que fabrica tudo de uma vez, e nem o maníaco por uvas consegue dar conta de tamanha produção!
Depois de fazer suco de uva, geléia de uva e dar uvas para os vizinhos e até para o pessoal do trabalho, pegou uma receita de cuca de uva.
A foto da cuca era linda. Já podia até sentir o aroma dela assando no forno. Quando era criança, tinha uma vizinha que vendia leite no tacho. A senhora fazia também cuca de uva, de laranja, de doce de leite. Adorava buscar o leite, pois sempre ganhava de brinde um pedação de cuca, que comia todo antes de chegar em casa, para não ter que dividir é claro!
Depois de separado todos os ingredientes. Colocou literalmente a mão na massa. Massa até os cotovelos, diga-se de passagem! A receita era fácil. A foto da receita era divina, as uvas estavam lá por toda a parte.
O pessoal da casa era a favor de sonhos.
Não ia fazer sonhos, estava decidido. Estava sobrando uvas. A receita estava ali na mesa. E a mão já estava na massa.
Quem sabe ,então reserva um pouco da massa e frita para a gente? Era o pedido do pessoal da casa.
Ô chatice! Gente metida! Afinal de quem eram as uvas heim? Quem teve a idéia de fazer alguma coisa gostosa para o café da tarde?
Então pronto, cuca de uvas.
A massa não cresceu. Desconfiou que houvesse açúcar demais na massa (quem faz pão sabe que açúcar demais pesa a massa , e ela não cresce).
Não teve jeito. Colocou no sol... E nada de crescer. Colocou num lugar bem escurinho, até mandou baixar o volume da TV para a massa descansar á vontade... E nada de crescer. A massa descansou, descansou...
Depois de muito descansar foi parar em pequenas porções na panela cheia de óleo fervente e virou sonho recheado de doce de leite e salpicado de açúcar com canela.
Porque afinal de contas, toda esta balela de cuca de uva e sonho de doce de leite?
Na verdade não sei bem.. Talvez porque na vida nos propomos a fazer algo...
Às vezes estudamos para atingir de modo efetivo aquilo que nos propomos..
Ás vezes até nos mudamos, a fim de ficar mais próximos de nossos objetivos... Às vezes até começamos e vamos muito bem até a metade do caminho...
E derrepente tomamos outro rumo.... Mudamos de idéia... Seguimos outro curso...
E no final da história , nossa vida não valeu a pena?
Valeu sim! Se soubermos transformar os pequenos percalços em sonhos recheados de doce de leite.