Os humores de nossa língua!
Descobri que em nossa língua alteramos os significados, apesar de sabermos que ela é uma língua que se bem usada enriquece. Os vendedores de dicionários e enciclopédias que digam do enriquecimento que acumulam. Então começaram os neologismos e comparativos e trocadilhos, que nem sempre é uma tradução de elogios. E os pobres animais também sofrem com algumas gracinhas feitas pelos competentes seres humanos! Por exemplo, pequeninas e graciosas, embora vorazes, as piranhas que vivem tranqüilas em águas doces se alimentam de carne animal. Mulheres que optaram por uma vida pública, dentro do Rio é as margens do Mangue, quase todas obesas e nada graciosas, também são chamadas de “piranha”. A única coincidência é que estas se alimentam com o dinheiro de um animal!
Temos também vícios de linguagem quando nos dirigimos a alguém. Uma mulher - invariavelmente é do grupo feminino quem melhor enxerga a sua volta - encontra a outra e vai logo dizendo: “Nossa, você esta linda de morrer!” De morrer? Quem está linda ou está lindo está mais para viver! “Pó você está gordo como uma baleia!” Baleia é grande, mas não é gorda! Homem bonito é chamado de gato, mas mesmo o gato macho além de fazer miau, se esfrega cheio de trejeitos. Dizem para alguns: “Você esta parecendo um elefante”, já o pediam para ficar nu, para ver se a tromba corresponde ao que dizem? Dizem que o homem que conquista muitas mulheres é um gavião: Que eu saiba gavião gosta de pinto! Outra coisa boba é o cara encontrar alguém e perguntar: “Você vai bem?” Ia até você aparecer e me parar no caminho!
E vai por ai que, nós sabichões, fazemos certas perguntas e comparações bobas: “O que lhe trouxe ao hospital?” Foi a ambulância! Ah! Bom tempo em que estive internado para operar o coração, e foi em hospital escola. Muito bons médicos e alunos! Mas não deixei de brincar dando respostas que as julguei mais corretas; “O senhor está indo direitinho ao banheiro?” Me pergunta um aluno de medicina, “Sim, mesmo com a luz apagada vou apalpando e chego direitinho ao banheiro”. Ele retruca, explicando: “Perguntei se o senhor está fazendo fezes normais”, e continua perguntando: “Seu côcô está de boa aparência?” O leitor já viu côcô de boa aparência? Nem eu! Ai o quase doutor foi logo explicando “Quando está clarinho, está de boa aparência”, não agüentei e soltei: “Racista”.
Agora imaginem que leio um texto que fala sobre homem verde e homem maduro. O verde deve ser algum marciano? O maduro daqui a alguns dias vai estar podre! Os veterinários dizem que carne estando verde está estragada, mas os açougueiros anunciam: “Vendemos carne verde”, (?). E os que atendem um telefone, fixo ou móvel e me perguntam: “É o senhor que está falando?” Não! É meu fantasma, não esta me vendo mesmo! E os trocadilhos infames que ouvimos, e que em certas ocasiões ouvimos. Essa é de quando eu era criança: “Não bota minha irmã no meio da brincadeira, se não brincadeira eu ponho no meio da sua!”, E olha que já estou maduro, quase podre! Eu ouvi isto a meio século passado. E termino perguntando ao meu amigo leitor: “Você está lendo?”. Ora devia somente perguntar: ‘Vai comentar?”