MULHERES EM CRISE.
Evelyne Furtado – Cronista
Uma mulher em crise é algo absolutamente natural. A sensibilidade é mais comum ao sexo feminino e a vida um pouco mais difícil. Meu discurso não é feminista. Devemos ao movimento feminista, muitas conquistas, mas não tenho muita familiaridade com o assunto para discuti-lo agora. Nunca me senti inferior ao homem, em nenhum aspecto.
O que vejo é que fomos submetidas historicamente ao poder masculino e há muito pouco tempo chegamos aos direitos iguais, garantidos constitucionalmente. Aqui no Brasil, por exemplo, só a partir da Constituição de 1988. No entanto, nós mulheres, ainda lidamos com os resíduos culturais sexistas. Por isso conheço muitas mulheres em crise. Junte-se a sensibilidade, romantismo e as alterações hormonais ao cotidiano de uma mulher que tem uma carreira, precisa de um salário para se sustentar e ainda quer amar e ter filhos.
Algumas de nós trabalham um dia inteiro fora de casa e ainda acordam de madrugada para preparar a comida do marido e dos filhos. Mesmo quando independentes, economicamente, não temos a mesma liberdade masculina. Somos olhadas com desconfiança quando ousamos. Assustamos quando nos posicionamos em pé de igualdade com os homens.
Atualmente vivemos um período de acomodação nos relacionamentos entre mulheres e homens. Avançamos, mas queremos amar. Desejamos sexo, mas com respeito e afeto, além da excitação. Trabalhamos, dividimos contas, mas queremos mimo (e retribuímos). Não queremos competir com parceiros. A competição não cabe em uma relação amorosa.
Devo ressaltar que não está sendo fácil para a ala masculina. Muitos estão esforçando-se para se adaptar à nova mulher que difere da mãe, mesmo aquelas mais modernas. O modelo padrão, para uma geração de homens entre 30 e 50 anos, é da mãe submissa e do pai chefe de família. E ainda temos um agravante: há falta de homens no mercado e essa diferença em números, gera uma disputa absolutamente desagradável entre as mulheres, enquanto permite aos homens uma escolha farta.
Ainda assim, estamos na luta. Enfrentamos a tal crise com lágrimas, mas também com humor. Amor temos de sobra para dar. Sem falar que toda crise permite um crescimento. Acharemos uma forma saudável de conviver com esses inconvenientes. Tomara que não demore muito.