ATÉ QUANDO ?

Esta pergunta é constantemente feita em todas as camadas sociais. Até quando teremos que conviver com pessoas que se portam como verdadeiras feras diante do seu semelhante, seu igual?

O que deverá acontecer para que possa haver uma transformação da sociedade como um todo, para que não venhamos a cair no profundo fosso cavado e aumentado, diante da insensatez, da ignorância e da própria ignomínia?

O que restará aos homens realmente de boa índole para que consigam sobreviver dentro de um contexto da sociedade onde vive, como se fosse um bobo, um otário, por não participar de um sistema totalmente corrompido?

O que irá acontecer passa a ser uma incógnita diante das mudanças bruscas de opiniões em todos os níveis sociais por onde se ande. Neste momento em que a reflexão deveria ser uma constante necessidade, ficamos pasmos, diante de tudo que vemos, e nada se consegue entender, pois a sociedade, como um todo, está praticamente corrompida por objetos de desejos criados e alimentados para que os homens fiquem escravos do sistema onde vivem.

O caminho que iremos trilhar nos próximos anos passa a ser sem volta, pois nada resta de esperança, diante do quadro em que o mundo se encontra. O desrespeito às leis é constantemente incentivado pela própria justiça, através de magistrados corruptos. O poder judiciário já fede diante de tanta podridão.

A descrença na justiça é fruto da impunidade, onde somente aqueles menos afortunados são punidos muitas vezes por crimes que se, comparados por aqueles cometidos, por pessoas de destaque, não passam de ladrões de galinha.

Dois pesos, duas medidas, esta é a máxima reinante, a justiça passa a ter duas caras e várias mãos. Enquanto uma pune, uma liberta e outra embolsa o produto do roubo e da corrupção.

O pobre coitado, no entanto que, em momento de fraqueza, furta um pão é preso, agredido e não são raras as vezes em que morre diante da mão que agride dentro da própria justiça.

Enquanto isto acontece aquele que ostenta o título adquirido, sabe lá como, entra por uma porta e sai por outra, prometendo processar aquele que o denuncia. Não são raras as vezes em que até conseguem indenizações através da “justiça”, contra o estado que o constrange e passa a ser visto diante da sociedade onde vive como vítima. A imprensa tem sua culpa.

“Aos fora-da-lei, as benesses da lei”, isto é o que está acontecendo constantemente nesta nossa sociedade corruptora e corrompida, onde a lei do mais forte é a única alternativa que resta àquele que nem mais poderíamos considerá-lo de homem (como classificá-lo, então?)

O poder manipula as verdades quando é do seu interesse, a fim de proporcionar a uns poucos, os lucros advindos da falcatrua e quando algum homem de verdade denuncia, não são raras as vezes que não é assassinado.

Os marginais já dominam grande parte do poder judiciário, juizes, desembargadores, promotores e a maioria dos políticos, está totalmente refém das quadrilhas que manipulam e ditam normas para o povo seguir.

Diante do quadro que vemos constantemente, na “mídia quase sempre manipulada”, onde somente veiculam notícias que são do interesse das emissoras e até certo ponto direcionadas a atingir uma determinada classe. Até mesmo para formar uma opinião que é de interesse de alguns.

A única coisa que interessa e de que se fala é o lucro. Diante do quadro do que constantemente se fala da TV., rádios, jornais, sobre o famigerado programa Fome ZERO, paira uma interrogação àqueles que não acreditam em tudo o que dizem os políticos. O que o político diz não é realmente o que ele quer ou pensa. Tudo é dito para agradar a grande massa que passa as ser iludida e ludibriada e sem nada mais poder fazer.

Vejam o que aconteceu logo após a eleição, o primeiro ato mais importante dos deputados e senadores foi aumentar seus salários. E o que fez o Executivo, o que falou?

Farsas e mais farsas são montadas a fim de desviar o pensamento do povo do grande problema brasileiro e nada melhor que repisar sempre que o Brasil é um país de miseráveis (Victor Hugo deveria ter morado aqui).

O Rio de Janeiro, já é constantemente assaltado por quadrilhas que habitam os morros e favelas, e os que se escondem nas delegacias embaixo de uma farda e mesmo nos gabinetes com altos postos sob a tutela e legitimidade do poder constituído.

Os vários estados da federação convivem com ratos e ratazanas inseridos dentro da máquina administrativa, com o único intuito de usar e abusar do cargo que ocupam para desviar, corromper e lesar o patrimônio público.

Não são raras as cenas de governadores apresentarem-se perante a imprensa, posando de bons meninos, quando, na realidade, tudo não passa de jogo de cena, para agradar à grande massa tão acostumada a estas manobras do poder.

Nos gabinetes e secretarias, os larápios se apropriam de idéias e vendem ao poder público, através de empresas criadas com esta única finalidade, legalizarem a roubalheira.

Criam-se normas para legalizar situações anômalas e, posteriormente através de leis e decretos se legalizam verdadeiros absurdos e cada vez mais o povo fica refém dos legisladores, governantes e juízes.

Quando alguém é punido e colocado diante da opinião pública como exemplo de probidade, o governo diz que não poupou esforços para punir. Quantos bens retornam ao poder público e o valor do desvio é recuperado?

Só são julgados e condenados aqueles que não conseguem comprar uma meia dúzia de magistrados. Quando são julgados e condenados, as penas são pequenas e em pouco tempo eles retornam ao convívio social, ainda mais rico e famoso. É necessário dar exemplos?

Parece que Rui Barbosa antes de ser jurista, era um vidente. A inversão de valores chegou ao ponto crítico, em todos os setores da nossa sociedade. Não falo apenas do Brasil. A cada ano a arrecadação pública se torna insuficiente para a demanda de todas as necessidades sociais, a que está obrigado o governo e aí surge o motivo para onerar uns poucos através de mais impostos, taxas etc.

Nossas leis são frágeis, pois foram escritas por legisladores que tinham medo de serem vítimas de si mesmos, por isto deixaram as lacunas e brechas por onde escapar. As ratoeiras só prendem os ratos que se esquecem de como sair delas, pois grandes são as brechas.

Enquanto tudo isto acontece em nosso país, somos obrigados a nos encolher,a nos esconder e fugir, concordarmos com tudo, senão estaremos sujeitos a ser presos, por ousar pensar e ser honestos, o que é obrigação de todo o cidadão.

Assim sendo, fica a interrogação: Até quando iremos suportar tudo isto sem nos revoltarmos com este estado de coisa, será que está tudo certo e apenas eu estou errado, ainda vale a pena ser honesto?

09/01/03-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 18/12/2005
Reeditado em 09/04/2009
Código do texto: T87621