Tecnologia: mocinha ou bandida?

A tecnologia não pode ser considerada simplesmente como material. Ela significa um processo de criação relacionado às idéias em transformação. É dela que vem a técnica (a prática) que é a sua materialização. Seria impossível imaginar um mundo em que não houvesse tecnologia. A criação do mais simples objeto é importante.

Nesse mundo desprovido de tecnologia a impressão de linhas no papel, o próprio papel e minha caneta em punho desapareceriam. Através da tecnologia foi possível solucionar muitos problemas, e também criar tantos outros...

Com o uso da biotecnologia descobriu-se como diagnosticar algumas doenças e até mesmo como curá-las. A tecnologia é usada no processamento de alimentos, na arquitetura, enfim... olhe em volta quase tudo que verá é tecnologia. O que sobrou é inspiração divina ou da mãe-natureza (seja qual for a sua crença).

Para o desenvolvimento de uma sociedade é essencial que exista tecnologia. Ela garante uma melhor qualidade de vida com medicamentos, computadores, o telefone celular... Com ela, e somente com ela, pode-se competir nesse mundo globalizado em que a matéria-prima não vale um décimo do mesmo produto que recebeu alguma tecnologia. Possuir tecnologia é possuir saber, portanto é possuir poder. Se uma sociedade ignorar a tecnologia, não investir em ciência e cientistas, será engolida por outras sociedades. Exportará sua matéria-prima e importará os mesmos produtos munidos de tecnologia.

É claro que a tecnologia tem seu lado de vilã. Ao robotizar a indústria e o campo passou a causar desemprego. Ela trouxe máquinas que são mais rápidas, não ficam doentes, não fazem greve e nem faltam ao trabalho. Quem perde? Aquele apertador de parafusos, um bancário, um semeador... Centenas de vagas de semeadores são substituídos por duas máquinas e duas vagas de emprego, cujo pré-requisito é saber operar a semeadeira. Por isso a importância que o próprio trabalhador acompanhe esses avanços. Aprender a operar essas máquinas, a fazer sua manutenção, a melhorar o seu desempenho... O mercado está ávido por pessoas com esse perfil. Os empregos passam a ser especializados, e a classe menos privilegiada não teve acesso ao estudo necessário. Certamente a tecnologia poderia ser utilizada de outra forma. Poderia reduzir o turno dos trabalhadores, melhorando sua qualidade de vida, e lucrando da mesma forma. Mas isso não se quer, não nessa sociedade capitalista.

É vital que o País dê a devida importância a seus cientistas por meio de bolsas, incentivos para buscar mais conhecimentos no exterior, ambiente e fomentos para realizar suas pesquisas dentro do próprio País. Esse investimento será colhido a longo prazo, pois os objetos dessas pesquisas devolverão em dobro (ou mais) o valor inicial que o País deu ao seu cientista.

A sociedade já é dependente de tecnologia. A tecnologia poupa tempo e, em sociedade capitalista, tempo é sempre dinheiro. Essa é a engrenagem que aliada ao poder é capaz de mover o mundo. Deter tecnologia é também deter poder! É uma pena que a tecnologia seja vista como algo tão caro por alguns governantes. As empresas também poderiam investir em ciência, algumas já o fazem, inclusive.

É um investimento com lucro certo, mas é preciso paciência.

É uma pena que a maioria dos cientistas reme contra a maré, pesquisando porque têm prazer em realizar novas descobertas e solucionar suas dúvidas. É uma pena que a pesquisa seja tão pouco valorizada, que a sociedade em geral seja tão gananciosa e imediatista; e que as atitudes de mudanças sejam tão facilmente exeqüíveis, mas tão dificilmente alcançadas...