As cores da alma

 

 

      Comprei o livro O Mestre das Iluminuras, da inglesa
Brenda Rickman Vantrease pela beleza de sua capa.A 
semelhança com iluminaras medievais,me encantou.Tanto na 
capa como na contracapa trazem uma moldura onde os 
desenhos,traçados com perfeição e delicadeza,reproduzem as figuras de aves, anjos, guerreiros,frutas e flores.Comprei e guardei por quase um ano sem ler. E, quando nofinal do ano passado resolvi ler,foi uma resolução tíbia, já que venho 
lendo devagarzinho.Cheguei agora ao décimo capítulo. Entre
cada capítulo,outros livros.

 

      Logo no começo do décimo capítulo eu parei de novo.
Só que agora para pensar e escrever. Porque estas duas
ações muitas vezes se realizam simultaneamente em minha
vida. Penso enquanto escrevo. Escrevo enquanto penso.
O resultado é sempre um pensamento escrito ou um escrito
com o pensamento. O que trocando em miúdos, dá no mesmo.
É a mesma coisa.

 

     Magda é um personagem que apareceu no capítulo nove, onde entrou muda, mas não saiu calada: anunciou um incêndio que provavelmente vai mudar os rumos da trama. Mas é no 
capítulo dez que o leitor vai poder conhecê-la melhor e ver 
a cor de sua alma. Ou as cores. Pois as almas têm cores,
afirma Magda. E ela pode vê-las. E esse é o seu dom, pelo
qual agradece a Deus.

 

     Há alguns anos atrás, quando eu buscava um caminho
para seguir, freqüentei um curso esotérico onde se dizia 
que podíamos detectar as cores de nossa aura. Não sei se arregalando, fechando, ou deixando os olhos estáticos, vi 
cores circundando a cabeça das pessoas. Não foi assim tão
fácil, mas me lembro de ter visto. Viram a minha também
e conforme relatos minha aura na época era verde azulada.
Gostei que ela fosse verde, é a cor que mais gosto, e ainda
agora a Magda disse que não teme pessoas de alma verde,
porque elas nunca poderiam lhe fazer mal.Depois dessa 
experiência nunca mais me interessei pelo assunto, não sei
se a cor de minha aura mudou e nem sei se a cor da aura
teria alguma coisa a ver com a cor da alma.Até acredito
que tenha mudado porque nada é permanente neste mundo.
Sei que existem explicações científicas para a existência da
aura, mas como na Idade Média isso era desconhecido 
acredito que a autora do livro esteja se referindo a essa 
aura, quando fala da alma.

 

    Alma ou espírito não faz diferença. O certo é que como
 diz o ditado popular, quem vê cara não vê coração. Ou
 alma.Ou espírito.

      E eu fiquei aqui pensando quão bom seria se tivéssemos
esse dom: o de reconhecer por trás da imagem física o que realmente cada pessoa é. Para mim seria um dom precioso
já que tenho a tendência a achar que todo mundo é bom, 
antes que se prove o contrário. O que na maioria das vezes
não é verdadeiro. Tirando a certeza quase óbvia de que a humanidade tem duas caras, ou seja, nem sempre age com coerência, não sendo nem bom nem mau, mas às vezes bom
e outras não, a tendência geral é considerar bom e belo 
como sinônimos e feio e mau também. O que convenhamos, desfavorece muita gente não beneficiada pela beleza física.
Se pudéssemos ter esse dom talvez as pessoas se 
preocupassem menos com a aparência física. E se
preocupassem mais em falar a verdade. Seria de
extrema utilidade na época das eleições, porque de nada 
adiantaria as promessas de campanha se a cor da alma de
quem promete negasse o prometido. Evitaria muitos 
problemas, sem dúvida nenhuma. Mas como esse dom não é 
coletivo ( acredito que algumas pessoas possam tê-lo) temos
que prestar redobrada atenção ao lidar com pessoas para
não sermos enganados. Os enganadores sabem colocar
direitinho as máscaras de bonzinho, em todas as ocasiões
em que isso se fizer necessário: seja para conquistar um 
amor,um emprego, um cargo político.Seja apenas pelo
prazer de mentir e enganar. Ah, se eu tivesse esse dom,
de quanta enrascada eu não teria me livrado!