A neve branca e a madrugada luminosa(Chicago)

Fui para Chicago e naquela noite o vôo enfrentou uma terrível tempestade de neve e só aterrisou em “O’Hare” , o aeroporto internacional americano de maior movimento, onde a cada 30 segundos desce ou sobre um avião, porque não havia nenhuma outra opção e nem para onde voltar.

O vôo chegou as 21:30 e ficamos dentro do avião até as 2:00 da manhã: demoramos mais de 4 horas para percorrer o espaço de uns 500 metros entre a área de taxiamento e o “finger”, devido à neve e à fila de aviões. Foi o maior congestionamento havido na história daquele aeroporto, depois eu fiquei sabendo.

Apanhar um táxi que me levasse até o sul de Chicago , a mais ou menos 1 hora de viagem, foi outro “sufoco”. Quando finalmente conseguí tive que dividi-lo com um personagem invocado, gordo e com cara de poucos amigos, com casaco de pele e aparência de Don King só que ainda mais arrogante, que não trocou nenhuma palavra comigo durante todo o trajeto.

Era madrugada e a paisagem externa era totalmente branca, com grossas camadas de neve cobrindo tudo: a estrada, as casas, e mais neve branca caindo... (aliás, essa é uma característica da neve, traz uma luminosidade e profundidade de visão que não se sabe de onde vem, enxerga-se ao longe os contornos da paisagem, as árvores, a ausência de vida que se recolheu para vê-la cair) Dentro do táxi, um jamaicano ao volante e ao meu lado a baleia imponente e orgulhosa como um diretor de escola de samba.

Foi uma madrugada de frio glacial e finalmente cheguei ao Hotel. Era mais de 4 da manhã e eu tinha que estar pronto às 7. Nem dormi, só tomei banho esperando sem cansaço e sem sono o dia amanhecer, vendo da janela a neve branca que continuava caindo e iluminando a madrugada...

Leo Della Volpe
Enviado por Leo Della Volpe em 24/02/2008
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T874058
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