ANTÔNIA MARZULLO, MINHA AVÓ MATERNA

PRESENÇA DE ANTÔNIA MARZULLO

NO TEATRO E NO CINEMA DO BRASIL

Jotaefegê

A hoje pouco lembrada, e talvez esquecida, Antônia Marzullo, que foi figura de destaque em nossos teatros, deixou, porém, mantendo a tradição de seu nome, as filhas Dinorah e Dinah Marzullo.

A Dinorah, tem presentemente sua filha Marília Pêra em grande evidência, devido as suas excelentes apresentações, suscitando averiguações que permitem ir ao encontro do nome da vovó Antônia. Foi esta quem, lançando as filhas na ribalta ao seu lado, incutiu-lhes o veneno do palco. E a descendência permaneceu, como teria que acontecer, mantendo a fidelidade à origem. Antônia Marzullo merecia, portanto, que a relembrassem.

Operária de uma fábrica de camisas, na qual também trabalhava Alda Garrido que, igualmente, como a colega Antônia, brilhou no teatro, ambas, no rumo que seguiram, tornaram-se vitoriosas. Por muitos anos, recebendo um o incentivo de platéias numerosas, que com palmas demoradas certificavam-na, no momento, do agrado de seu desempenho, depois consolidado nas referências da crítica, Antônia permaneceu no teatro. Lançando também as filhas Dinorah e Dinah tiveram, as três, aplausos com fartura ao cair do pano. Assim, as Marzullo, a mãe Antônia e as filhas, solidificaram a dinastia Marzullo. Ainda agora, Marília Pêra, de origem Marzullo, prossegue a tradição iniciada pela avó Antônia

A presença de Antônia Marzullo, em diversos palcos e interpretando inúmeras peças, teve sempre, marcando-a, merecido destaque. Das muitas peças em que atuou merece destaque, sem minuciosa procura no total, pois foram muitas, a comédia As solteironas dos chapéus verdes (Ces dames aux cheapeaux verts), de Germaine Acrement, traduzida por Alberto Queiroz.

Antônia Marzullo, que desempenhava uma das solteironas, tinha, sempre, palmas de muito calor consagrando-a. E isto aconteceu em 1932, no Trianon, em 1934, no Carlos Gomes. Aplausos igualmente demorados que voltou a tê-los, nesse mesmo ano, no Teatro Escola, ao lado de Renato Viana, interpretando a peça Sexo, da qual Renato era o autor.

Não se restringiu apenas ao teatro a carreira vitoriosa de Antônia Marzullo. Também no Cinema Nacional, ainda em seus primeiros anos, depois do lançamento, em 29, do primeiro filme falado Acabaram-se os otários, Humberto Mauro recrutava, em 34, Antônia Marzullo para participar de Favela dos meus amores, quando levou para a tela um argumento de Henrique Pongetti. Nesse mesmo ano, num dos pavilhões onde havia sido realizada a Feira de Amostras (conforme a oportuna informação do expert do cinema nacional Jurandyr Noronha) estava na filmagem também naquele local, sob direção e protagonizado por Mesquitinha (Olympio Bastos), o filme João Ninguém, tendo no elenco Dinorah Marzullo, Rodolpho Mayer e Jayme Costa.

Acontecia, assim, não apenas no palco, mas, igualmente, no cinema, a presença de Antônia Marzullo, juntando seu nome aos primórdios do cinema brasileiro. E, também aí, tendo a seu lado outra Marzullo, a filha Dinorah, que, casando com o ator Manuel Pêra, iria manter a tradição na hoje consagrada Marília Pêra, neta de Antônia Marzullo. Figura marcante no teatro através de excelentes desempenhos, a velha Antônia – como carinhosamente a ela se referiam todos os que a conheceram nas ribaltas -, merecia essa suscinta rememoração, tardia embora, mas que, mesmo assim vale como justa homenagem.

Antônia Marzullo, figura de destaque em nosso teatro foi, e isto pouca gente sabe, ou lembra, umas das primeiras figuras do cinema brasileiro quando, precariamente, gente como essa Marzullo, vitoriosa na ribalta, trazia sua contribuição para o triunfo que o cinema nacional acabou alcançando.” (*)

(*) Texto do jornalista Jotaefegê.

Publicado no jornal O Globo, Segundo Caderno, Rio de Janeiro, RJ, 25/04/1983, segunda-feira, p. 22.

FILHOS DE ANTÔNIA MARZULLO;

MAURÍCIO MARZULLO, DINAH MARZULLO TANGERINI

e DINHORAH MARZULLO PÊRA.

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Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 24/02/2008
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