REPOLHO DA DISCÓRDIA
Em homenagem à minha amiga Ziza Saygli
O supermercado até que estava cheio para aquela hora. Carrinhos para lá, esbarrões para cá. Meninos chorando pedindo isso e a mãe querendo aquilo. “É isso que dá trazer menino pra supermercado!” Eu e meu marido (que milagre, ele veio comigo!) iríamos comprar apenas umas coisinhas que estavam faltando em casa, porque, na verdade, o que estava faltando é o que se usa pra pagar tudo isso. Andei de um corredor para outro procurando o que estava faltando em casa, essa mania de não fazer lista realmente encarece as compras. Fui à seção de hortifruti e vi uma promoção boa: compre um caldo de galinha e leve um repolho de brinde. Animei-me, peguei o caldo, peguei o repolho. Terminadas as compras, fomos para o caixa, pois a hora já avançava e eu estava cansada. Passamos todas as compras, deixando o repolho por último. A moça do caixa pegou a verdura, colocou-a sobre a balança e já ia registrando o preço quando eu disse a ela que aquele eu não pagaria porque era brinde. Ela, com a mais absoluta calma, disse que a oferta só era válida quando havia alguém no local responsável pela promoção. Não deixei para trás, peguei o dito cujo e joguei-o dentro do carrinho. “Não tenho nada com isso, disse, está escrito na tabuleta e pronto, esse eu não pago!” Quando quero ser chata sou com vontade. A moça olhou-me sem saber o que faria, olhou para os lados como que pedindo socorro, mas não viu ninguém. “Não se preocupe, minha filha, você não será prejudicada, eu tenho certeza absoluta do que estou fazendo”.Pedi meu marido para pagar a conta, peguei o carrinho, virei as costas e me dirigi para o estacionamento. Meu marido pagou tudo depressa e veio correndo. “Benzinho, a gente nem gosta de repolho!” Mas ele me conhece há muito tempo, não ia mesmo abrir o bico dentro do supermercado!